31 out, 2022 - 14:49 • Lusa
A Altice Portugal vai proceder à atualização dos preços a partir de fevereiro, sendo que os clientes que têm apenas voz fixa e os reformados com plano reformados estão excluídos deste aumento, disse à Lusa a presidente executiva.
"Vamos proceder a uma atualização dos preços da Meo a partir de fevereiro de 2023 porque é quando nós sabemos qual é efetivamente o Índice de Preços no Consumidor (IPC)", adiantou Ana Figueiredo.
A presidente executiva da Altice Portugal referiu que são expurgados desta atualização "os clientes que só têm voz fixa e os reformados que têm o plano de reformados".
De acordo com a empresa, o universo de clientes que apenas têm voz fixa e plano de reformados é de 100 mil.
A atualização de preços "está definida nos contratos com os nossos clientes", que prevê que esta seja ajustada à taxa de inflação (IPC) no valor mínimo de 50 cêntimos.
"Como a taxa de inflação tem sido muito baixa, no ano passado atualizámos só em 50 cêntimos", adiantou a gestora.
O Governo prevê uma taxa de inflação de 7,4% para este ano.
Por exemplo, no segmento de consumo, se fossem aplicado os 7,4%, isso corresponderia a uma atualização média num cliente móvel pós-pago da Meo, com 5G incorporado, de um euro por mês, de acordo com as simulações da Altice Portugal.
Já no caso do pacote residencial M3 (TV+Net+Voz), tal daria uma atualização média de dois euros por mês e, no caso de um cliente convergente, um pacote M4, a atualização média seria de quatro euros mensais.
"Entendemos o contexto que o país está a viver, que as famílias portuguesas estão a viver, e sabemos que é um contexto difícil e a nossa maior preocupação é com os nossos clientes e ter o máximo de transparência", prosseguiu Ana Figueiredo, apontando que a indústria das telecomunicações "não tem concorrido para o incrementar de preços".
O regulador das telecomunicações pede ainda às ope(...)
Pelo contrário, "tem tido alguns impactos na sua rentabilidade", referiu, sendo que nos últimos dois anos o tráfego de Internet fixo subiu 51%, o de móvel 83% no mesmo período, o que "é relevante".
Isto porque com mais tráfego "tenho de ter mais capacidade nas minhas redes, tenho de ter investimentos permanentes", sublinhou.
A Altice Portugal tem vindo a monitorizar a conjuntura atual, mas o "contexto macroeconómico, sobretudo internacional devido a vários fatores, alterou-se, agravou-se e intensificou-se", nomeadamente depois da guerra na Ucrânia.
Havia uma componente de inflação que já existia antes do conflito que foi "acelerada", sublinha Ana Figueiredo.
Entretanto, "estávamos a lidar com a disrupção da cadeia de abastecimento e com incremento de algumas matérias-primas, por exemplo, os 'microchips' que impactam a nossa indústria, como também outras matérias-primas que impactam também equipamentos que colocamos em casa dos clientes".
Agora "tenho de fazer uma previsão de abastecimento dos meus materiais e matérias-primas com uma antecedência muito superior ao do passado". Ou seja, no passado "encomendava a seis meses ou um ano, agora tenho de fazer a mais de um ano, até para garantir que eu tenho o 'stock' no momento quando preciso", explicou a gestora.
Por outro lado, "o euro face ao dólar desvalorizou-se, a maior parte dos equipamentos e das matérias-primas que têm um impacto na nossa indústria estão indexados ao dólar, logo aí impactam um acréscimo, quer dos custos operacionais como de custos de investimento", apontou.
Além disso, os custos de energia impactam, nomeadamente porque "somos uma indústria que também é forte consumidora de energia".
No âmbito do 5G, a Altice Portugal está a fazer o 'roll out' [desenvolvimento] e é preciso comprar equipamento.
Por exemplo, "um dos materiais onde o preço mais subiu foi o aço. O próprio aço valorizou-se em 40% a 60%", material que é necessário na construção de torres, disse Ana Figueiredo.
"As obrigações 5G são o que são e estamos comprometidos a cumprir essas regras", asseverou a presidente executiva.
Além do referido anteriormente, a gestora aponta ainda a "inflação salarial" de algumas competências que são críticas à organização, pois "tem havido muita procura e há uma escassez de mão-de-obra".
Isso "leva necessariamente ao incremento de custos laborais e depois, mais para a frente, para o ano, prevê-se também um aumento salarial mínimo" e, "apesar de não termos ninguém na nossa estrutura a ganhar o salário mínimo, subcontratamos empresas que automaticamente vão refletir os incrementos do salário mínimo na nossa estrutura", salienta.