02 nov, 2022 - 15:55 • Inês Rocha
O CEO da Binance, Changpeng Zhao (CZ), quer reforçar a presença da maior corretora de criptomoedas do mundo em Portugal e tem conversado com as autoridades portuguesas sobre a possibilidade de abrir um escritório em Lisboa.
“Estive com o ministro da Economia português e o presidente da Câmara de Lisboa, queremos reforçar a nossa presença aqui em Portugal. Queremos fazer muito mais em Portugal”, disse o CEO, mais conhecido por CZ, em conferência de imprensa, na Web Summit, em Lisboa.
Em julho, a plataforma submeteu o pedido de registo no Banco de Portugal e abriu quatro vagas de emprego para Lisboa. No início do ano, a Binance tinha também assinado um acordo com a Aliança Portuguesa de Blockchain para "melhorar a literacia financeira” em Portugal. Desde então, tem havido alguma especulação sobre a aproximação da gigante tecnológica ao mercado português.
Sobre o novo regime fiscal sobre as criptomoedas previsto no Orçamento do Estado, CZ disse ainda estar à espera de pormenores, mas sublinhou que “a discussão tem impacto na indústria”. O responsável da Binance deu o exemplo da Índia, que pretende aplicar uma taxa fixa de 30% sobre cada transação com criptomoedas. O resultado está a ser uma fuga de investidores. “Vão matar a indústria”, alertou.
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Até outubro deste ano, Portugal era conhecido mundialmente como um paraíso fiscal de criptomoedas, já que as transações com este tipo de ativos digitais que não constituíssem atividade profissional eram isentas de impostos. A falta de políticas fiscais atraiu muitos investidores do setor para o nosso país, como a famosa "Família Bitcoin".
O paradigma deverá mudar no próximo ano. A proposta de Orçamento do Estado para 2023 prevê uma taxa de 28%, em sede de IRS, sobre as mais-valias com criptomoedas quando estas são detidas por menos de 12 meses. Caso os ativos sejam mantidos por um período superior a um ano, os lucros deverão manter-se isentos de impostos.
Sobre as mudanças drásticas a ocorrer no Twitter, após a compra da rede social pelo multimilionário Elon Musk, o CEO da Binance, que também investiu no negócio, prefere dar tempo ao empresário para limpar a casa antes de entrar ativamente no jogo.
“Quero dar-lhe tempo para se se estabelecer, ainda tem muita gente para despedir”, brincou CZ.
A Binance contribuiu com 500 milhões de euros para ajudar Elon Musk a comprar o Twitter. Ainda assim, o líder da empresa desvaloriza a dimensão do investimento.
“Temos menos de um por cento”, lembra CZ, sublinhando ainda assim: “estamos prontos para ajudar”.
Para o empresário, o dono da Tesla é a pessoa certa para transformar a rede social. Musk “sabe como liderar uma plataforma” como o Twitter, assegurou aos jornalistas. Ainda assim, prefere dar-lhe tempo. “Ainda agora chegou”, diz.
Questionado sobre se tem vontade de se juntar a um conselho de diretores, Changpeng Zhao diz que lhe é “indiferente”.
“Se Musk me pedir eu vou, mas não é algo de que eu goste. se ele pedir vou fazê-lo, mas não morro por isso”, afirmou o líder da maior corretora de criptomoedas do mundo.
Após comprar a rede social, Elon Musk demitiu o diretor executivo, o diretor financeiro e o conselho geral do Twitter, escrevendo depois "O pássaro foi libertado".
Já esta terça-feira, Musk anunciou o lançamento de uma subscrição de oito dólares (oito euros) por mês para os utilizadores certificarem a sua conta e estarem menos expostos à publicidade.
Questionado por um participante da Web Summit sobre que novas funcionalidades gostava que o Twitter tivesse, CZ revelou que espera, para já, o “mais básico” - que Musk passe a aceitar os pagamentos das subscrições em criptomoedas.