03 nov, 2022 - 15:21 • Henrique Cunha
O presidente da Associação Empresarial de Portugal (AEP), Luís Miguel Ribeiro, garante que “há já bastantes empresas a ajudar os seus trabalhadores”, cumprindo aquela que é “a sua responsabilidade social”.
Luís Miguel Ribeiro diz que existe "uma preocupação crescente com a identificação de casos" onde se sente mais o impacto da inflação e da subida das taxas de juro.
“Sabemos - e tenho conversado com alguns empresários que me têm dado nota que os seus recursos humanos identificam situações já preocupantes - que bastantes empresas fornecem cabazes aos trabalhadores."
"Estão a tentar minimizar esse impacto do aumento da prestação da casa, do aumento do custo da deslocação, do aumento do custo da alimentação, etc, com o fornecimento de um cabaz, ou com o fornecimento de alimentação embalada nos casos das empresas de 'catering' para as cantinas”, avança o presidente da AEP, em declarações à Renascença.
Sem revelar o nome das instituições e das empresas, o presidente da AEP garante que "são bastantes” as empresas que apoiam, desta forma, os seus trabalhadores.
“Não vou dizer um número em concreto porque estas coisas vão-se falando em conversas muito privadas porque quem faz isto não o faz para andar a anunciar que o faz”, argumenta.
“Sabemos que está a acontecer. Falamos sobre isto. Toda a gente que o faz fá-lo da forma mais discreta possível para salvaguardar as pessoas porque é uma situação sempre muito desconfortável."
Perante esta decisão impõe-se a pergunta: porque é que as empresas não optam antes pelo aumento de salários?
Luís Miguel Ribeiro defende que, desta forma, “o esforço das empresas repercute-se muito mais depressa junto das pessoas do que se fizer isso pela via do aumento dos salários”.
Análise de João César das Neves
Fornecimento de cabazes “é um truque para fugir ao(...)
"O esforço que as empresas fazem nestas aquisições não está sujeito ao um conjunto de impostos que estaria um aumento de ordenado”, reforça o dirigente da AEP.
"Estar a assumir mais encargos ao nível de salários quando as empresas já estão em dificuldade não será certamente a melhor solução, até porque, depois, grande parte desses aumentos salariais iria ser entregue ao Estado em impostos”.
O presidente da AEP diz esperar que “esta seja uma situação temporária”, mas admite que a situação que estamos a viver irá obrigar à adoção de novas medidas, quer para as empresas quer para as famílias. Todavia, Luís Miguel Ribeiro pede que “se executem as que já foram anunciadas”.
“Que haja capacidade de executar as medidas que já se anunciaram porque, por incrível que pareça, foram anunciadas medidas que não estão a ser postas em práticas, que não estão a chegar às empresas numa situação destas”.
"Antes de se anunciar mais medidas, é necessário que se concretizem e que se executem as que se anunciaram”, enfatiza.
“Tenho tido conhecimento de medidas que foram anunciadas, nomeadamente ao nível financeiro e ao nível de apoios às empresas, que já vêm deste o tempo das linhas Covid e não chega nada às empresas. Muitas vezes, nem resposta é dada”, lamenta o presidente da AEP.