08 nov, 2022 - 13:48 • Olímpia Mairos
Mais de oito em cada 10 funcionários portugueses (86%) gostavam de aderir à semana de quatro dias de trabalho, de acordo com o estudo "O estado da compensação 2022-23 - um estudo sobre o futuro do trabalho e o trabalho do futuro", organizado pela Coverflex e divulgado esta terça-feira.
À Renascença, Mariana Barbosa, Head of PR & Comms da Coverflex, explica que, em matéria de horários de trabalho, o estudo mostra o “desejo de oito em cada dez colaboradores experimentarem uma semana mais curta de trabalho, seja por via da redução horária para 32 horas ou da via de redução de dias de trabalho, de trabalhar quatro em vez de cinco dias”.
De acordo com o inquérito, 62,1% dos inquiridos gostava de experimentar trabalhar 40 horas semanais distribuídas apenas por quatro dias da semana. A redução de horário para 32 horas semanais é um desejo para mais de dois em 10 participantes no estudo (23,9%), e mesmo que isso possa significar um corte de salário.
Apenas 14% dos inquiridos continua a preferir a solução habitual de 40 horas de trabalho semanais divididas por cinco dias.
Explicador
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Já em termos de flexibilidade de compensação, o estudo revela grandes tendências.
“A primeira é que as pessoas gostavam de ter em matéria de compensação flexível, mais ajuda com despesas ligadas àquilo que é o trabalho híbrido: combustíveis, ‘budget’ para trabalho remoto ou para trabalho fora do escritório, para pagar despesas como a eletricidade, a água em casa, telecomunicações”, conta.
Em matéria de diversidade e inclusão, emerge, segundo Mariana Barbosa, a “urgência” de as empresas criarem “planos e programas de diversidade e inclusão”.
“Uma em cada cinco empresas tem mais de 75 colaboradores do sexo masculino e o género masculino prevalece também na gestão. Mais de 75% da equipa de liderança das empresas são homens em mais de 40% dos casos, ou seja, quatro em cada dez empresas”, exemplifica.
A responsável pelo estudo assinala ainda que “em matéria de estratégias de inclusão definidas, elas são mais usuais em empresas maiores, com mais de 500 colaboradores e só 23% dos participantes é que diz trabalhar em empresas com estratégias de inclusão e diversidade definidas e divulgadas junto dos colaboradores”.
O equilíbrio entre a vida pessoal e o trabalho é o fator mais valorizado pelos inquiridos (64%), seguido pelas oportunidades de progressão na carreira (11,8%) e pelas condições de trabalho (11,5%).
Dentro destas preferências, os homens tendem a valorizar mais o 'work-life' balance (66,1%, contra 62,1% das mulheres) já o sexo feminino valoriza, comparativamente, mais as condições de trabalho (13,2% contra 9,8%).
O estudo mostra também que mais de metade dos portugueses (54,8%) estão “satisfeitos com o seu pacote de compensação (salário, benefícios flexíveis, seguro e cartão refeição)”.
A atribuição de benefícios flexíveis pelas empresas aos seus colaboradores varia na relação direta com a flexibilidade geral no trabalho. De acordo com os resultados do inquérito, "cinco em cada 10 colaboradores, em Portugal, têm acesso a benefícios flexíveis nas empresas em que trabalham".
Mais de metade dos portugueses (54,8%) estão satisfeitos com o seu pacote de compensação (salário, benefícios flexíveis, seguro e cartão refeição). "Numa escala de 0 a 10, em que 0 é 'nada satisfeitos' e 10 'extremamente satisfeitos', mais de metade dos participantes atribui à satisfação com a sua compensação entre 7 a 10 pontos. Quatro em cada 10 trabalhadores atribui entre 7 e 8 pontos ao grau de satisfação".
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Entre os participantes, o valor médio de compensação alocada a benefícios varia "entre 0 e 200 euros (em 66,3% dos casos). Apenas 11% dos inquiridos afirma receber mais de 500 euros mensais em compensação flexível".
Entre os trabalhadores que mais têm acesso a benefícios flexíveis "estão os das indústrias de IT/Desenvolvimento de software (67,4%), Consultoria e gestão (65,8%) e Serviços financeiros (60,2%)".
Este estudo resulta de um inquérito realizado entre 14 de setembro e 4 de outubro de 2022 e contou com a participação aberta e gratuita de 1.438 pessoas, colaboradores de empresas de todo o país, que responderam a questões ligadas a quatro dimensões específicas: flexibilidade de local de trabalho, flexibilidade de horário, diversidade e inclusão e benefícios flexíveis.
O modelo híbrido é o regime de trabalho habitual para 47,1% dos inquiridos, com 29,5% a ter um regime presencial e 23,4% em remoto.
“Houve uma aproximação das pessoas ao trabalho híbrido, mais do que trabalho remoto ou trabalho presencial e em relação ao ano passado. Isto reflete muito aquilo que foi o processo de regresso das pessoas e dos colaboradores à sede das empresas pelo menos duas a três vezes por semana”, assinala Mariana Barbosa.
Lisboa é o distrito com a maior percentagem de trabalhadores em regime híbrido (57,6%) e também o que regista menos em regime presencial.
Os trabalhadores entre os 55 e os 64 anos são aqueles que mais trabalham em formato presencial e os que menos fazem em regime remoto.