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Subida da inflação provoca quebra nos salários reais. OIT quer medidas para travar aumento da pobreza e desigualdades

30 nov, 2022 - 17:31 • Ana Carrilho

O aumento da inflação está a gerar uma quebra acentuada nos rendimentos das famílias já que os salários reais são mais baixos. Os mais atingidos são os trabalhadores que menos ganham, afirma Relatório da Organização Internacional do Trabalho.

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Os salários reais globais caíram, em termos reais, para menos 0,9% no primeiro semestre de 2022, a primeira vez no século XXI em que o crescimento global dos salários é negativo, refere a Organização Internacional do Trabalho (OIT) no Relatório Global sobre Salários 2022-2023: o impacto da inflação e da COVID-19 nos salários e no poder de compra.

Nas economias mais avançadas do G20, a OIT estima que os salários reais tenham caído 2,2% no primeiro semestre. Nos países em desenvolvimento, subiram 0,8%. Ou seja, menos 2,6% do que em 2019, imediatamente antes da pandemia de Covid-19.

Inflação, desaceleração do crescimento económico, impulsionada pela guerra na Ucrânia e crise energética são os responsáveis pela quebra do poder de compra. Crises que, na opinião do diretor-geral da OIT, têm colocado dezenas de milhões de trabalhadores e trabalhadora em situação dramática.

“As desigualdades salariais e a pobreza aumentarão, caso o poder de compra dos trabalhadores de mais baixos salários não seja mantido. Além disso, a necessária recuperação pós-pandémica poderia ser colocada em risco e tudo isto poderá contribuir para o aumento de conflitos sociais pelo mundo”, alerta Gilbert F. Hounbo.

Trabalhadores com baixos salários são os mais atingidos

O Relatório da OIT mostra que o crescimento da inflação tem um impacto mais forte no custo de vida das pessoas com mais baixos rendimentos, uma vez que gastam boa parte do seu dinheiro em bens e serviços essenciais, que também são aqueles que mais têm aumentado com a subida da inflação.

90% dos Estados-membros da OIT tem salário mínimo e, globalmente, o seu crescimento é superior à média dos salários. No entanto, não é suficiente para manter o poder de compra dessas famílias.

Por isso a OIT considera que é preciso adotar diversas medidas, urgentemente. Por exemplo, com aposta no diálogo social tripartido – trabalhadores, empregadores e governo – trabalhar para conseguir atualizações salariais adequadas durante esta crise.

Medidas dirigidas a grupos específicos da população (como a atribuição de vales para compra de bens essenciais às famílias de mais carenciadas) ou redução do IVA nestes bens e serviços essenciais, de forma a reduzir a pressão inflacionária para as famílias, contribuindo também para reduzir a inflação.

Para uma das autoras do Relatório Global sobre os Salários 2022-2023, “é preciso prestar particular atenção às pessoas que têm um emprego e que estão no meio e no nível inferior da distribuição salarial”.

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  • EU
    30 nov, 2022 PORTUGAL 17:53
    Porque será que MUITA Gente diz que assim não se pode viver? Há muito que não ouvia estes lamentos. Até a vontade de participar nestes espaços já está moribunda.

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