15 dez, 2022 - 08:00 • Fátima Casanova
O que esperar?
À partida um aumento da taxa de juro, que tem sido a política definida pelo BCE para tentar conter a subida dos preços e, assim, controlar a inflação na Zona Euro.
Desde julho, que as taxas de juro têm sofrido aumentos: o primeiro foi de meio por cento, seguido de dois aumentos considerados agressivos, de 0,75%, em setembro e depois em outubro.
Os analistas dizem que a dimensão destes aumentos serviu para mostrar a determinação do BCE em controlar a inflação. No total, a taxa de juro de referência está agora em 2%.
De quanto é que poderá ser esse aumento?
Diferentes analistas apontam para uma subida, mas que será mais ligeira, podendo ficar-se por meio por cento. Também o governador do Banco de Portugal, ainda na semana passada em entrevista à Renascença, disse ser importante dar um sinal de moderação ao mercado após duas subidas consecutivas de 0,75%. Mário Centeno prevê um aumento de 50 pontos base, o que deixaria a taxa nos 2,5%.
Essa também é a opinião do governador do banco de França. Isto, porque entendem que já terá sido atingido o pico da inflação na Zona Euro.
Mas os principais membros da comissão executiva, nomeadamente a presidente do BCE, não avançaram números. Certo é que Christine Lagarde quer a inflação nos 2% e prometeu intervir no mercado até atingir esse objetivo.
Mas pode-se esperar um abrandamento no ritmo de subidas?
Sim, até porque foi também o que fez a Reserva Federal dos Estados Unidos, que ainda esta quarta-feira subiu as taxas em meio por cento, apontando para novas subidas no futuro.
Esta acaba por ser uma razão adicional para que o BCE, hoje em Frankfurt, não possa baixar a guarda, para se manter em convergência com a política monetária seguida do outro lado do Atlântico – o objetivo é que o euro não fique sob pressão no seu câmbio com o dólar.
O aumento que está em perspetiva vai ter impacto nos empréstimos feitos junto da banca…
Claro, sejam empréstimos de particulares, sejam de empresas é de esperar um agravamento dos custos que suportam com os seus empréstimos, por causa da subida das taxas Euribor.
Esta é uma situação que está a criar muita incerteza, nomeadamente, na gestão do orçamento familiar, basta dizer que a Euribor a seis meses saiu de terreno negativo em junho - esta que é a taxa mais usada para o crédito à habitação está agora em cerca de 2,5%.
As revisões dos empréstimos que ocorram por estes dias, podem implicar subidas muito significativas nas prestações que se pagam ao banco.