19 dez, 2022 - 08:57 • Fátima Casanova , com Redação
Há empresas que estão a tentar fintar a inflação, mas as consequências não são as melhores para os consumidores. A técnica chama-se reduflação e está a ser utlizada especialmente na indústria agroalimentar - a quantidade do produto é diminuída na embalagem, mas o preço mantém-se e até pode ser mais alto.
Apesar de não pode ser considerada fraude, Ana Guerreiro da Deco/Proteste alerta que este método não é transparente e pode enganar o consumidor.
“Sim, infelizmente sim. A Deco/Proteste no âmbito deste acompanhamento de preços que faz desde o início do ano, detetou alguns exemplos, onde se reduziu a quantidade de produto na embalagem, mas isso não significou uma baixa de preço. Em alguns casos até subiu.”
Segundo esta técnica, a reduflação foi detetada no setor alimentar e dá exemplos.
“A Planta original creme para barrar, com uma embalagem de 450 gramas, que a 1 de março custava 3.19 euros nas lojas online do Auchan, do Continente e do Minipreço, a 1 de novembro essa mesma embalagem já tinha menos 50 gramas de produto, mas estava mais cara. Aumentou 23%. O Nesquik perdeu 10 gramas, enquanto tinha 400 g agora tem 390 e essa redução de produto não se refletiu no preço”, exemplifica.
Esta responsável diz que esta prática não pode ser considerada fraude, mas defende que deveria ser comunicada pela indústria agroalimentar de forma mais transparente. “Esta prática não é uma fraude, mas a Deco/Proteste entende que não sendo clara deveria ser comunicada aos consumidores de forma transparente”, defende.
Para contornar esse problema e evitar comprar um produto alvo de reduflação, o melhor é analisar bem os preços porque aquele que parece mais barato, nem sempre é o que tem o preço mais baixo. Pode parecer confuso, daí a importância de olhar para a etiqueta.
“Se quiser evitar comprar um produto alvo de reduflação analisar bem os preços por quilo, por litro por unidade”, aconselha, porque “na verdade nem sempre os produtos que parecem mais baratos, têm o preço mais baixo”.
“Na etiqueta do preço, em letras bem pequenas, tem o preço por litro, por quilo ou por unidade daquele produto, portanto é muito mais fácil para o consumidor perceber qual é que representa uma poupança”, esclarece.
A
Renascença pediu uma reação à Federação das Indústrias Portuguesas Agro Alimentares (FIPA) sobre esta prática de
reduflação, mas apesar de ter insistido durante vários dias, nenhum responsável
se mostrou disponível. A Renascença também perguntou à Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição (APED) sobre o que poderia ser feito para informar melhor os
consumidores, nomeadamente ter etiquetas com letras maiores, mas também não
obteve resposta.