10 jan, 2023 - 18:34 • Tomás Anjinho Chagas , Diogo Camilo
O Banco de Portugal prevê que a inflação baixe até aos 3% no final deste ano, comparando com o período homólogo. Na média de todo o ano, a taxa deve fixar-se nos 5,8% para 2023.
No Parlamento, Mário Centeno sublinhou a tendência decrescente da inflação em 2023, dizendo acreditar que a taxa possa estar próxima dos 2% dentro de dois anos.
“Esperamos que o fenómeno de redução da inflação que observámos nos últimos 3 meses se possa materializar nos próximos meses, trazendo a inflação para níveis muito próximos de 3% no final de 2023 e que no horizonte de 2025 se consiga de novo ter taxas próximas de 2%, que é o objetivo do BCE”, diz citando previsões do Banco de Portugal e do Banco Central Europeu.
Na sua estimativa anunciada em dezembro, o Banco de Portugal projetava uma inflação de 8,1% em 2022, acima dos 7,8% publicados pelo INE.
Ainda assim, o Banco de Portugal é ligeiramente mais otimista que o Banco Central Europeu, prevendo uma inflação de 5,8% neste ano, de 3,3% em 2024 e 2,1% em 2025.
Sobre mecanismos para a redução da inflação, o governador indicou que não há alternativa que não passe pelo aumento das taxas de juro, uma medida inevitável para evitar o aumento generalizado dos preços.
“Devemos responder com uma política monetária que não tem alternativas face à sua trajetória, que não seja concretizada no processo de normalização e de aumento das taxas de juro que se iniciou no final de 2021”, disse no Parlamento, referindo que o comportamento dos mercados pode adiar o início do momento da redução da inflação
“Se tiver alguma coisa para dizer, di-lo-ei sem revelar segredos que não podem ser revelados”
Inflação
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No Parlamento, Mário Centeno foi também confrontado com as declarações do seu antecessor Carlos Costa, no livro “O Governador”. Não comentando diretamente, o agora governador garantiu que irá agir sempre de maneira a proteger a independência do Banco de Portugal.
“Se eu tiver alguma coisa para dizer que impacte a condução das minhas funções, em qualquer situação, eu di-lo-ei nos termos que têm de ser ditos, sem revelar segredos que não podem ser revelados e no instante em que têm de ser feitos”, disse.
No livro, Carlos Costa acusa o então ministro das Finanças de “pressão psicológica” para provocar a sua renúncia, através de uma “aliança” com o Bloco de Esquerda, referindo momentos de tensão entre ambos, incluindo o momento em que Centeno referiu que o governador do Banco de Portugal tinha cometido uma “falha grave de transmissão de informação" na questão do Banif.
“Carlos Costa e a sua equipa não tiveram dúvidas sobre uma concertação clara entre Mário Centeno e o Bloco de Esquerda para o fazer cair. Não pela invocação da “falha grave”, mas sim por via da pressão psicológica para provocar a renúncia”, refere a publicação.