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Inflação

Preços dos bens já não eram tão altos desde o início dos anos 90

12 jan, 2023 - 12:31 • Redação

Portugueses pagaram mais 12,2% por alimentos e 23,7% por energia no ano passado, indicam dados do INE.

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As famílias portuguesas assistiram em 2022 a um aumento acentuado do preço dos bens essenciais, principalmente dos alimentos e da energia, que fizeram disparar os preços gerais para níveis que não eram registados há mais de 30 anos.

Segundo dados divulgados pelo Instituto Nacional de Estatísticas (INE) na quarta-feira, a variação do índice dos preços no consumidor foi de 7,8%, em 2022. Este valor, que em 2021 foi de 1,3%, não era tão alto desde 1992. Entre as categorias analisadas, as maiores subidas de preços deram-se nos alimentos e na energia.

Os produtos alimentares não transformados, ou produtos primários, sofreram um aumento anual médio de 12,2%. Em outubro registou-se o pico de preços destes produtos, com um crescimento de 18,8% face a outubro de 2021.

Já na energia, houve uma subida de 23,7% num ano, em média, sendo que em novembro os preços atingiram o seu máximo (27,6% em comparação com o período homólogo). Esta categoria de produtos inclui custos relacionados com habitação, água, eletricidade, gás e outros combustíveis, e transportes.

Os restaurantes e hotéis também sofreram um aumento de 11,7% em comparação com 2021, em que tinham registado uma variação negativa. O INE atribui esta acelaração à reabertura do turismo após a pandemia de Covid-19 e, consequentemente, ao aumento da procura durante os meses de Verão.

A subida de preços nos produtos alimentares e energéticos não é exclusiva de Portugal, segundo dados da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO).

De acordo com a FAO, a inflação da alimentação é paralela em toda a Europa e representa a subida mais acentuada desde a composição da Zona Euro e da entrada em vigor da moeda única.

Os aumentos generalizados na Europa são reflexo da guerra na Ucrânia, que causou constrangimentos no fornecimento de gás natural e de vários cereais, entre outros. Contudo, aumentos nos preços já se vinham a verificar desde o final de 2020, ainda fruto do impacto da pandemia nas cadeias de distribuição e transportes.

Nos últimos dois meses do ano, os preços mostraram sinais de estabilização e de ligeiro decréscimo face aos meses anteriores. Apesar de o aumento dos preços ter desacelerado nos últimos dois meses do ano, o maior aumento de sempre do salário mínimo foi recentemente anulado pela taxa de inflação.

Quanto a previsões sobre a eventual descida dos preços, o Banco de Portugal (BdP) prevê uma descida na inflação para 5,8% em 2023; já o Orçamento do Estado para 2023 antecipa uma queda da inflação para 4%. À Renascença, o INE esclarece que é apenas responsável pelo apuramento e verificação das variações do índice dos preços no consumidor, "relativamente às quais não efetua previsões”.

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