23 abr, 2023 - 16:02 • Sandra Afonso
Nouriel Roubini avisa que os Estados Unidos vão entrar em recessão ainda este ano. As últimas previsões do economista que antecipou a crise de 2008 incluem, também, um "crash" na banca norte-americana.
Apesar da inflação estar a abrandar, o professor emérito da Universidade de Nova Iorque, em entrevistas e artigos de opinião, continua a avisar nas últimas semanas para a fragilidade dos bancos regionais nos Estados Unidos, responsáveis por uma grande fatia do crédito hipotecário do país. Sublinha que muitos estão insolventes, com grande parte dos depósitos a descoberto, e alerta que “o pior está por vir”.
Porquê? Porque em 2008 não tínhamos a inflação que temos hoje e, por isso, os bancos centrais não estavam concentrados em manter os juros altos para combater a subida dos preços.
Hoje temos um trilema: inflação, crescimento e estabilidade financeira. É preciso aumentar os juros para descer a inflação, mas não tanto que comprometa o crescimento ou destrua o equilíbrio frágil entre credores e devedores. Para Roubini, está é uma “missão impossível”.
Em “Mega-Ameaças”, lançado este ano em Portugal pela Editora Planeta, Nouriel Roubini já avisa que o mundo enfrenta de uma vez só 10 mega-ameaças. Segundo o economista, “sem uma tremenda sorte, um crescimento económico quase inaudito e uma improvável colaboração global, a coisa não acabará bem”.
O “Dr Doom” (Doutor Catástrofe), como ficou conhecido, faz aqui juz à sua reputação, com uma análise articulada, sempre em tom alarmista e pessimista.
Para o economista, as atuais mega-ameaças são ainda maiores do que aquelas que o mundo enfrentou entre as duas guerras mundiais, que deram origem "ao fascismo na Itália, ao nazismo na Alemanha e ao militarismo na Espanha e Japão, culminando na Segunda Guerra Mundial e no Holocausto".
Hoje temos as alterações climáticas, o envelhecimento da população, o impacto da Inteligência Artificial no emprego e a ameaça de um apocalipse nuclear sempre que há uma escalada nos conflitos entre grandes potências.
A estas ameaças juntam-se ainda não menos importantes, a crise da dívida, a inflação e a estagflação, a migração e o duelo entre os Estados Unidos e a China, que pode levar a uma segunda Guerra Fria, desta vez entre estes dois países. Tudo isto minimizado pelos líderes e políticos, segundo Roubini, que recomenda que acordem depressa.
Há mecanismos de resposta disponíveis, mas nenhum vai funcionar sem dor. O economista antecipa que será necessária “uma enorme adaptação de todos os habitantes da terra”.
Nas duas próximas décadas o economista espera uma “titânica colisão de forças económicas, financeiras, tecnológicas, ambientais, geopolíticas, médicas e sociais”. Sublinha que são forças enormes, “se convergirem, as consequências serão devastadoras”.
A partir daqui “acabaram-se as desculpas”.