02 jan, 2023 - 05:30 • Céline Abecassis-Moedas
As universidades europeias são mais acessíveis em termos de propinas e de capacidade de internacionalização. E Portugal é um dos países com as melhores escolas de negócios da Europa, atrás apenas de França, Inglaterra e Alemanha. Que orgulho!
As universidades americanas são uma fonte de inspiração para o mundo. No último ranking internacional das universidades do mundo, o World University Ranking do Times Higher Education, confirmou-se que a maioria das melhores universidades do mundo estão sediadas nos Estados Unidos. Há sete universidades americanas dentro das dez melhores e 16 nas 25 melhores. Este ranking reflete uma realidade objetiva, as universidades americanas atraem o melhor talento em termos de professores e de estudantes do mundo inteiro e produzem muito da investigação de alto nível. Este sucesso está ligado ao grande investimento feito na investigação numa perspetiva competitiva para os melhores projetos. Mas será que existem outros critérios a ter em conta?
Primeiro, o sucesso das universidades americanas permitiu um aumento de propinas muito superior à inflação nos últimos 50 anos. O custo médio de uma universidade americana de topo é de 60 mil dólares por ano. Nos Estados Unidos, há evidência que o sistema universitário contribui para as divisões sociais. Um diploma universitário determina em grande parte o futuro económico de um jovem. Segundo, as instituições académicas americanas acabam por ser muito nacionais. Ou seja, atraem talento internacional, particularmente ao nível dos professores, mas paradoxalmente têm menos de 20% de estudantes de licenciatura que vêm de fora do país.
Nestas duas dimensões a Europa (incluindo o Reino Unido) têm mais sucesso. As propinas de licenciatura em Inglaterra rondam as 10 mil libras (entre 25 e 45 mil para estudantes de outras nacionalidades) e são quase gratuitas em França. Oxford, por exemplo, tem 23% de estudantes de licenciatura de fora de Inglaterra. A Universidade Católica tem 21% de alunos internacionais. Num mundo cada vez mais interconectado, globalizado e complexo, é essencial expor as próximas gerações a pessoas de outras culturas. Neste contexto, as universidades europeias são exemplos de internacionalização e com propinas mais acessíveis, criam menos divisão social.
Opinião
Há uma oportunidade para Portugal, e Lisboa em par(...)
Em termos de escolas de negócios, os EUA são o país do MBA, mas a Europa é o continente das mais antigas escolas de gestão. O ano passado a ESCP (uma escola de negócios francesa baseada em Paris, mas também em Londres, Madrid, Berlim, Torino e Varsóvia) festejou o seu 200º aniversário. A Europa tem a vantagem de ter fronteiras abertas entre os seus países, tem cidades atraentes internacionalmente e países relativamente pequenos. Finalmente a Europa tem programas de Masters in Management mais curtos e mais baratos que o MBA que se torna uma boa alternativa.
Recentemente foi publicado o Financial Times European Schools Ranking, o ranking das Business Schools Europeias. Nas primeiras 95 escolas de negócio na Europa, o primeiro país a França com 25 escolas, incluído a HEC primeira do ranking há quatro anos consecutivos e a ESCP em terceira posição, depois vem o Reino Unido com 17 escolas, incluindo a London Business School, segunda no ranking. O terceiro país é a Alemanha com sete escolas a comparar com cinco escolas para Portugal (o quarto país ex-aequo com Suíça e Bélgica). Comparado com o tamanho do país e o nível de riqueza, Portugal tem muito mais valor com cinco escolas do que a Alemanha com sete!
Muitas vezes as pessoas perguntam-me porque é que na CATÓLICA-LISBON temos tantos alunos alemães e, sem dúvida, umas das razões tem a ver com o relativo pequeno número de escolas de negócios nos rankings internacionais.
Para o futuro, queria ver cada vez mais universidades e escolas de negócios portuguesas nos rankings internacionais como o World University Ranking do Times Higher Education ou o Financial Times European Schools Ranking. A Europa é um continente de abertura e de valores conducentes ao desenvolvimento de conhecimento.
Tenho muito orgulho em fazer parte de uma das top Business Schools e Universidades Europeias e gosto de saber que estamos a contribuir para a reputação de Portugal, (de França como cidadã francesa) e da Europa. Tenho gosto e orgulho em preparar o futuro do mundo através da educação dos jovens!
*Céline Abecassis-Moedas, Diretora de Formação de Executivos da Católica Lisbon School of Business & Economics
Este espaço de opinião é uma colaboração entre a Renascença e a Católica Lisbon School of Business and Economics