04 mai, 2023 - 09:06 • João Malheiro , Olímpia Mairos
O presidente da Confederação Portuguesa da Construção e do Imobiliário diz que a execução do PRR está longe dos objetivos.
Em declarações à Renascença, Manuel Reis Campos indica que, até 26 de abril, só se executou 11% das verbas.
“Tinham sido executados pagamentos de 1.797 milhões de euros do PRR, valor que corresponde sensivelmente a 11% da verba total inicial”, adianta, realçando que “a execução está longe dos objetivos que se pretendem”.
“Nós temos pedido para que o planeamento, a calendarização, a contratualização, tenham outro ritmo. De facto, estamos longe do plano, o que não quer dizer que - e eu não tenho dúvidas - o PRR possa ter problemas na sua execução global”, afirma.
O também membro da Federação da Indústria da Construção lamenta que o setor também esteja longe da mão de obra necessária para executar as obras do PRR.
O responsável indica que, para que o plano seja executado, serão precisos 80 mil trabalhadores.
“Aquilo que neste momento o setor e as empresas procuram são profissionais praticamente de todos os perfis técnicos. E, genericamente, nós precisamos de 80. 000 trabalhadores”, destaca.
Apesar deste constrangimento, o responsável indica que os últimos dados que possuem mostram que o setor da construção “foi um dos setores que mais emprego criou - 51. 000 -, mas, de qualquer forma, está longe ainda da necessidade que o setor tem para a realização daquilo que se pretende e da necessidade do país e das obras que o PRR integra”.
Manuel Reis Campos pede a simplificação da mobilidade transnacional da mão de obra e que as empresas possam ter uma gestão mais dinâmica dos recursos humanos. E pede igualmente que se aproveite os centros de formação profissional.
“Aquilo que temos falado ao longo destes tempos é a necessidade de tirar partido dos centros de formação profissional que são de excelência e estamos a falar do CICCOPN e do CENFIQ. Uma outra vertente que também é uma atuação importante é a questão da mobilidade transnacional da mão de obra”, aponta.
Na visão do presidente da Confederação Portuguesa da Construção e do Imobiliário, “não obstante as alterações legislativas que visam a simplificação e agilização dos procedimentos de concessão de autorização de residência e vistos, como a criação de um novo visto para a procura de trabalho em Portugal, tardam a ser sentidos os efeitos práticos dessa sua implementação”.
“Tem que ser facilitada às empresas fazer uma gestão mais dinâmica e eficiente dos recursos humanos”, defende.
Manuel Reis Campos realça que estas soluções são importantes e dependem do Governo.
“Neste momento é fundamental. E isso não depende de nós, depende, naturalmente, do Governo. A questão do planeamento, da calendarização, da contratualização, de todos os concursos que têm a ver com o PRR. Portanto, aquilo que nós entendemos é que tem que haver uma agilização maior e mais rápida, de forma que, durante 2023, o PRR não seja posto em causa, coisa que não me passa pela cabeça”, defende.
Questionado sobre se a falta de trabalhadores não pode colocar em risco o PRR, o responsável afirma que “não será por aí que o problema se porá, não vai ser essa questão que porá em risco a concretização e a execução do PRR”.
Nestas declarações à Renascença, Manuel Reis Campos realça ainda que, no setor da Habitação, terão de ser feitas “26.000 casas”, para compensar a falta de construção em anos anteriores.