10 mai, 2023 - 15:00 • Sandra Afonso
Menos crescimento e mais inflação, subida dos juros, crédito mais caro e mais desemprego. São alguns dos riscos que ameaçam a estabilidade financeira, segundo o relatório que acaba de ser divulgado pelo Banco de Portugal.Em causa estão os desenvolvimentos recentes em bancos norte-americanos e na Suíça, que “suscitaram um quadro geral de incerteza, que motiva uma monitorização acrescida”, diz o supervisor.
No Relatório de Estabilidade Financeira de maio, o Banco Central lembra que na última subida dos juros, o Banco Central Europeu sinalizou que está em condições de apoiar a banca, se necessário. Ou seja, caso os riscos agora assinalados se materializem.
Entre eles está o agravamento da “turbulência nos mercados financeiros”, agora circunscrita a algumas geografias. Caso se verifiquem efeitos de contágio, entre os mercados financeiros e a economia, teriam “impactos adversos sobre os custos de financiamento, a valorização dos activos e a atividade económica”.
Outra ameaça recai sobre “as contas certas” do governo, se deixarem de estar reunidas as condições favoráveis para reduzir a dívida pública. Neste cenário mais adverso, teríamos menos crescimento, inflação mais persistente e taxas de juro mais elevadas.
A Instituição liderada por Mário Centeno alerta ainda para “o potencial incumprimento das famílias mais vulneráveis”, consequência de uma “inflação mais elevada, subida das taxas de juro e potencial agravamento da taxa de desemprego”.
Pode ainda aumentar o incumprimento entre as empresas. Segundo este relatório, “dada a expetativa de subida das taxas de juro, estima-se que até final de 2023 aumente a proporção de empresas em situação de vulnerabilidade financeira”.
Todas estas condições vão acabar por ter impacto nos preços da habitação e no “valor colateral dos créditos garantidos por imóveis”. A subida das taxas de juro deverá contribuir para a “desaceleração dos preços no mercado imobiliário residencial em Portugal”.
Nesta conjuntura, o Banco de Portugal recomenda à banca que aproveite o atual contexto económico mais favorável para reforçar a resistência e resiliência. Devem “adequar as condições dos empréstimos à capacidade de pagamento dos clientes”.
Espera ainda que “mantenham políticas prudentes de constituição de imparidades e de conservação de capital, que permitam aumentar a sua capacidade de absorver perdas e de financiar a economia”, conclui.