30 jun, 2023 - 21:31 • Anabela Góis com Redação
A Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos (ERSE) anunciou uma descida da tarifa da energia elétrica a partir deste sábado, 1 de julho, mas isso não significa obrigatoriamente que os consumidores paguem menos devido ao aumento do custo das redes.
"Pode haver aqui, de facto, uma falsa expectativa", alerta Pedro Silva, especialista em energia da Deco Proteste, à Renascença.
O analista de mercado explica que o custo do acesso à rede vai subir e isso reflete-se na conta final, por isso, mesmo que haja uma descida na tarifa pode não ser suficiente para compensar.
"Se anteriormente o preço do comercializador era de 20 cêntimos e eram descontados nove, quer dizer que o consumidor pagava 11 cêntimos na sua fatura. Se este novo preço é de 16 e depois descontam um da tarifa de acesso, quer dizer que o consumidor vai passar a pagar 15 cêntimos. Isto vai-se traduzir no aumento quatro cêntimos por cada quilowatt consumido", diz.
De acordo com Pedro Silva, uma fatura média portuguesa é de 150 quilowatt hora, o que significa um "aumento de cerca de seis euros ou mais na fatura mensal".
Esta alteração não afeta os 969 mil clientes do mercado regulado, que representam 6,7% do consumo total.
Para os clientes do mercado livre, Pedro Silva deixa um conselho aos consumidores: "olhem com atenção para a fatura de julho", onde já se vai refletir esta mudança de preços.
"No final de cada fatura aparece o valor em termos de consumo de quilowatts de energia e quanto é que pagaria se estivesse no mercado regulado", explica.
"Portanto, se pagasse menos no mercado regulado é um sinal óbvio que deve mudar de tarifário rapidamente, porque não é vantajoso", reitera o analista.