15 ago, 2023 - 13:27 • Sandra Afonso
O Banco do Povo da China anunciou esta terça-feira uma redução dos juros, para empréstimos de médio prazo.
Na prática, o banco central injetou cerca de 50 mil milhões de euros, com uma taxa de juros a um ano de 2,5%. Isto representa um corte de 15 pontos base na taxa para empréstimos a instituições financeiras, face ao mês anterior.
De acordo com o despacho difundido pela agência noticiosa oficial Xinhua, esta decisão está incluída nos esforços do governo para “reforçar o ajuste anticíclico e estabilizar as expectativas do mercado”.
Hoje foram divulgados os dados da produção industrial do país, que cresceu 3,7% em julho, em termos homólogos, o que representa uma desaceleração.
Apesar do ano ter arrancado com bons indicadores, a recuperação económica da China pós-pandemia mostra sinais de abrandamento. À débil procura doméstica e internacional juntam-se riscos de deflação e estímulos insuficientes, a par de uma crise imobiliária e falta de confiança no setor privado.
Está a subir a pique e é um dos indicadores que assinalam nesta altura a situação frágil da economia chinesa. Hoje Pequim anunciou que vai suspender a divulgação dos dados, porque é necessário rever a metodologia.
Em junho o desemprego entre os 16 e os 24 anos atingiu o recorde de 21,3%. Os dados de julho já não foram divulgados.
Segundo um porta-voz do gabinete nacional de estatística é preciso perceber se “estudantes à procura de emprego antes de se formarem devem ser contabilizados nas estatísticas de emprego”.
"Não existem riscos de deflação na China, nem agora, nem no futuro", garante Fu Linghui, porta-voz do Gabinete Nacional de Estatística.
Palavras que surgem uma semana depois do índice de preços ao consumidor, o principal indicador de inflação no país, ter entrado em território negativo em julho, registou uma queda homóloga de 0,3%.
Os preços ao consumidor caíram para território negativo pela última vez em fevereiro de 2021. Agora estavam há meses à beira da deflação, indicando que a recuperação nos gastos não se materializou, depois de as autoridades terem abolido a política de 'zero' casos de covid-19, no início do ano.
A deflação representa a queda dos preços ao longo do tempo, é o oposto de inflação. Reflete debilidade no consumo doméstico e investimento e é particularmente grave. Com a descida do preço dos bens, muitos adquiridos a crédito, gera-se um desequilíbrio entre o valor dos empréstimos e as garantias bancárias.