23 out, 2023 - 16:19 • Lusa com Redação
O concurso de 819 milhões de euros para adquirir 117 novas automotoras elétricas pela CP, lançado em dezembro de 2021, está na fase final de adjudicação, revelou esta segunda-feira, no Algarve, o ministro das Infraestruturas.
"Estamos na fase final da adjudicação do maior contrato de sempre de aquisição de comboios - são 117 -, e contamos fechar muito rapidamente", disse João Galamba, durante uma sessão sobre o ponto de situação da modernização da linha ferroviária do Algarve, realizada em Olhão.
Em causa está o concurso aprovado pelo Governo em julho de 2021 e lançado em dezembro seguinte, para a aquisição de 117 novas automotoras elétricas pela CP -- Comboios de Portugal, num valor de 819 milhões de euros, o que, segundo o então ministro das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos, é a "maior compra de sempre" da operadora.
Na altura da aprovação em Conselho de Ministros, o Governo disse esperar que o primeiro comboio chegue em 2026 e que a totalidade das composições esteja em circulação em 2029.
"Com este investimento na infraestrutura e no material circulante, aquilo que queremos, de facto, é ultrapassar o abandono relativo da ferrovia durante muito tempo - demasiado tempo - e dotar o nosso país de um sistema moderno, fiável, seguro e não poluente", destacou João Galamba, em Olhão.
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Os 117 novos comboios têm destinos diferentes. 62 automotoras vão realizar serviço suburbano - mais de metade vai substituir os atuais comboios da Linha de Cascais - e as outras 55 vão reforçar o serviço regional.
O consórcio Alstom-DST foi o indicado pelo júri do concurso como o que tem melhores condições para ver a encomenda ser-lhe adjudicada. Porém, segundo o jornal Público, os vários concorrentes pediam, em julho, a exclusão um dos outros, alegando violações das regras do concurso. O perigo é que o tema acabe a ser decidido em tribunal, atrasando a finalização do processo.
O ministro, acompanhado pelo secretário de Estado das Infraestruturas, Frederico Francisco, e por autoridades locais, viajou de comboio desde Faro, num curto percurso de cerca de 12 minutos.
"A viagem que fizemos de comboio de Faro a Olhão permitiu testemunhar a importância que este serviço melhorado, com todas as intervenções que temos vindo a fazer e queremos acelerar, terá neste território e na vida das pessoas", frisou.
Reforçando a atenção que o Governo tem dado à ferrovia, depois de "muitos anos a não investir, a desinvestir na ferrovia", o ministro das Infraestruturas lembrou a intervenção em 1.000 quilómetros de linhas ferroviárias no continente, com eletrificação de cerca de 500 quilómetros, "num investimento de cerca de 2.000 milhões de euros, que é para continuar e acelerar", apontou, sobre o plano de investimentos Ferrovia 2020.
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João Galamba garantiu que a obra de eletrificação da linha ferroviária do Algarve, que está a ser desenvolvida pela Infraestruturas de Portugal (IP) em dois troços -- Faro-Vila Real de Santo António (56 quilómetros) e Tunes-Lagos (45 quilómetros) --, será concluída no próximo ano.
"Contamos ter esta eletrificação concluída durante o ano de 2024 e tentaremos que aconteça tão cedo quanto possível. É possível terminar ainda no primeiro semestre. Já sabemos como estas coisas são, não me quero comprometer com uma data, mas [será] seguramente no ano de 2024", afirmou.
A obra permitirá a redução do tempo de percurso dos serviços regionais em 25 minutos entre Lagos e Vila Real de Santo António.
O plano Ferrovia 2020 previa a conclusão desta obra no terceiro trimestre de 2021. Contudo, ela só foi adjudicada em novembro desse ano.
O presidente do Conselho de Administração da IP, Miguel Cruz, sublinhou no seu discurso que a empresa vai fechar o ano de 2023 com mais de 500 milhões de euros em investimento ferroviário.
"Em 2022, fechámos com 417 milhões de euros [de investimento ferroviário]. Temos vindo a aumentar sistematicamente o esforço de investimento ferroviário. Mesmo descontando o efeito de taxa de inflação, 2022 foi um ano de pico de investimento ferroviário e 2023 fechará acima dos 500 milhões de euros. Portanto, será um pico acima do pico de 2022", anunciou o responsável.