02 dez, 2023 - 15:06 • Lusa
A TAP estima crescimentos de 6% a 7% nos próximos dois anos, disse este sábado o presidente executivo da companhia, levando em conta a limitação do aumento da frota e a necessidade de consolidar o trabalho que está a ser feito.
"Estamos habituados a crescimentos pós-covid de 20% e 30% e isso é impensável a prazo em qualquer indústria. O que estamos a ver agora é um alisamento do crescimento, é natural. Estruturalmente se crescermos 3%, 4%, 5% sempre é bom e é preferível a crescer 30% num ano e depois cair no ano seguinte", afirmou Luís Rodrigues, no Porto.
O presidente executivo (CEO) da TAP lembrou que a companhia tem um condicionamento ao crescimento até ao final de 2025, por força do plano de reestruturação negociado com Bruxelas, que é o facto de não poder aumentar a frota.
"É imposição do plano de reestruturação", lembrou, acrescentando que o crescimento da companhia far-se-á por "troca de aeronaves mais pequenas para aeronaves maiores, bem como "aumentos de preço".
"E isso leva-nos a estes crescimentos de 6% a 7% nos próximos dois anos. Acho que dois anos é razoável", sustentou ainda Luís Rodrigues durante o 48.º Congresso da Associação Portuguesa das Agências de Viagens e Turismo (APAVT), no Porto.
A companhia está a fechar o orçamento para o próximo ano e é com estas percentagens para resultado operacional e receita que trabalha, confirmou fonte oficial à Lusa.
No primeiro semestre a TAP alcançou 108 milhões de euros de resultado operacional, 2.354,5% acima do período homólogo do ano passado.
"É perfeitamente saudável. Mais do que isso neste momento nem sequer é desejável porque precisamos de consolidar uma estrutura - aquela que estamos a montar - que torne a empresa estruturalmente rentável e sustentável para sempre ou pelo período mais longo possível", explicou, lembrando que "é razoável" assumir-se que "vão existir 'outros covids'".
"Não sei quando, não sei como, não sei de que forma, mas vai acontecer. E se estivermos inebriados por crescimentos significativos e de repente levarmos com uma destas, a coisa fica muito mais difícil de gerir. Portanto, neste momento estamos a olhar para isso", concluiu Luís Rodrigues.
Em 30 de agosto, a TAP anunciou ter alcançando um lucro de 22,9 milhões de euros no primeiro semestre deste ano, depois de ter contabilizado um prejuízo de 202,1 milhões de euros no mesmo período do ano passado. Foi a primeira vez que a transportadora aérea registou resultados positivos nos primeiros seis meses de um ano, desde que os resultados semestrais são publicados (2019)”.
Este resultado líquido representou uma melhoria de 225 milhões de euros face a idêntico semestre do ano passado. Além disso, representa em relação a 2019, período pós-pandemia de covid-19, um aumento de 134,9 milhões de euros.
A TAP considerou, na altura, que o bom resultado se alicerça no “forte crescimento das receitas operacionais”, que ascenderam a 1,9 mil milhões de euros, com um “aumento relevante” de 600 milhões euros (+44,3%) face ao mesmo período de 2022.
O presidente executivo da TAP, Luís Rodrigues, afirmou este sábado, no Porto, que os operadores estrangeiros potenciais candidatos à privatização da companhia mantêm todo o interesse no processo, apesar do adiamento de decisões estratégicas pela crise política.
"O interesse para os operadores estrangeiros continua lá todo. Ainda ontem [sexta-feira] falei com um deles que me disse: "nós temos todo o interesse, percebemos que isto é um processo político que tem o seu caminho, não é por causa disso. E, portanto, vocês estão a fazer um bom trabalho, os resultados estão à vista, continuem"", contou Luís Rodrigues no 48.º Congresso da Associação Portuguesa das Agências de Viagens e Turismo (APAVT).
Questionado se poderá ser um constrangimento não haver uma decisão sobre o novo aeroporto quando a privatização avançar, o responsável diz que o Estado poderá ter de vender a TAP por um valor mais baixo do que aconteceria se existisse um plano estratégico para os aeroportos nacionais definido.
"É condicionador, mas isso reflete-se no preço. Qualquer operador que queira comprar vai dizer assim: se existisse uma estrutura aeroportuária, livre, e com margem de crescimento ou uma nova a partir de amanhã, o valor que eu ia pagar era pela companhia era este porque o processo de crescimento era um; não sendo o caso, isso vai-se refletindo naquilo que é possível prever".
O CEO da TAP falava no 48.º Congresso da Associação Portuguesa das Agências de Viagens e Turismo (APAVT), que hoje termina no Porto, e que tem como tema "Inteligência Artificial, a Revolução do Século XXI".
Luís Rodrigues voltou a manifestar-se completamente favorável à privatização da companhia, apesar de não ter sugerindo uma percentagem que considere adequada para ser alienada.
A privatização da TAP e a decisão sobre o novo aeroporto, prometidas para o próximo ano, são dois dos grandes dossiês do Governo que vão sofrer atrasos, na sequência da demissão do primeiro-ministro, António Costa.
O Governo já tinha dado o primeiro passo para a privatização da TAP com a aprovação de um decreto-lei que enquadra as condições da venda.
Já no que diz respeito à solução aeroportuária para a região de Lisboa, a comissão técnica independente (CTI) incumbida de analisar as várias propostas entrou na reta final dos seus trabalhos, que culminam com um relatório final que será a base da decisão do futuro governo. Na próxima semana será apresentado o relatório preliminar que ajudará à decisão do governo saído das eleições.
A TAP ganhou os prémios de companhia aérea mundial líder para África e América do Sul, na 30ª edição dos World Travel Awards, que decorreram na sexta-feira, segundo um comunicado divulgado este sábado.
A transportadora detalhou que estes prémios, considerados os “Óscares” do turismo mundial, foram atribuídos à TAP numa gala na sexta-feira, no Burj Al Arab, no Dubai, Emirados Árabes Unidos.
“Os World Travel Awards de líder mundial entregues à TAP reconhecem a renovação por que a companhia está a passar e o empenho das suas equipas e tripulações na melhoria da experiência de viagem dos seus passageiros”, adiantou, na mesma nota.
A eleição da TAP “foi feita através de um processo de votação online de profissionais da área de turismo e viagens na sua maioria, designadamente agentes de viagens, operadores e organizações de turismo, oriundos de mais de 100 países, bem como pelo público em geral”, indicou.