04 dez, 2023 - 15:29 • Sandra Afonso
Os juros dos depósitos subiram para 2,93%. Já para quem pede emprestado os juros no crédito à habitação estabilizaram, mas continuam acima da média europeia.
O Banco de Portugal revelou, esta segunda-feira, que a taxa de juro média nos depósitos aproximou-se em outubro dos 3%, é a maior subida mensal desde o início de 2003, quando arrancou a atual série, e o valor mais alto desde agosto de 2012.
Os juros nos novos depósitos, para particulares, subiram de 2,29% para 2,93%, entre setembro e outubro. É um aumento médio mensal de 0,64 pontos percentuais.
Ainda segundo o Banco de Portugal, os novos depósitos até um ano registam a taxa de juro mais elevada, com uma remuneração média de 2,95% (2,31% em setembro). Seguem-se os novos depósitos de um a dois anos, com juros de 2,15% (2,03% em setembro) e os novos depósitos acima de dois anos, com uma taxa de juro média de 2,13% (2,1% em setembro).
Quase todos os novos depósitos, 99,6%, são até um ano, de acordo com os dados hoje divulgados pelo supervisor.
Portugal sai assim do fim da tabela, como um dos países do euro que menos paga pelo dinheiro depositado no banco, passa a ser o sétimo pior, na 14.ª posição da tabela.
Os bancos nacionais continuam também a pagar menos pelos depósitos que a média da zona euro, que está nos 3,27%.
Apesar da remuneração dos depósitos ainda não estar em linha com os países do euro, eu outubro aumentou o dinheiro entregue por particulares às Instituições financeiras. Os novos depósitos subiram 2.836 milhões, face ao mês anterior, para 10.690 milhões de euros.
A taxa de juro dos novos créditos à habitação em Portugal fixou-se em outubro em 4,23%, o que representa uma descida ligeira face a setembro.
Nos últimos cinco meses os juros mantem-se estáveis nos 4,2%, com alterações muito ligeiras. Ainda assim, estão acima da taxa de juro média da zona euro, fixada em 3,97%.
Neste momento a taxa de juro de referência do Banco Central Europeu (BCE) está em 4,5% e não se espera novo agravamento.
A atual crise inflacionista levou muitos clientes a fugirem da taxa variável.
“Em outubro, os novos empréstimos à habitação com taxa mista representaram 64% do total de novos empréstimos à habitação”, diz o Banco de Portugal.
A taxa mista, empréstimos com taxa de juro fixa num período inicial, seguido de um período com taxa de juro variável, está a aumentar entre os créditos concedidos.
A taxa variável diminuiu de 38% para 29%, entre setembro e outubro, no total dos novos créditos. Quando os juros estavam em mínimos históricos, mais de 90% dos contratos eram fechados com taxa variável.
Mesmo assim, a taxa variável continua a ser a principal opção, “em outubro representou 82,9% do total do crédito para habitação própria permanente”, diz o Banco de Portugal.
Nos primeiros 10 meses do ano, a taxa mista quase duplicou, passou de 7% para 13,3% do total do crédito no país, para habitação própria permanente.