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A Semana de Nuno Botelho

Investimento estrangeiro a fugir de Portugal? "Não é só da crise política"

16 dez, 2023 - 09:00 • André Rodrigues

No balanço do mandato de António Costa Silva como ministro da Economia, Nuno Botelho declara-se desiludido: "dar-lhe-ia um 10, se tivesse de lhe dar uma nota". Uma avaliação feita na semana em que o ministro aproveitou uma conferência co-organizada pela Renascença e pela Câmara de Gaia para tornar pública a fuga de um avultado investimento de um consórcio europeu do ramo das baterias elétricas, supostamente por causa da crise política. Nuno Botelho diz ter dúvidas de que essa seja a única razão. Para o presidente da Associação Comercial do Porto, o país tem um ministro da Economia com pouco peso político e é "muito pouco amigo das empresas".

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Investimento estrangeiro a fugir de Portugal? "Não é só da crise política"

O presidente da Associação Comercial do Porto dá nota baixa ao desempenho do ministro da Economia neste Governo.

Socorrendo-se da imagem de um professor que tem de atribuir uma classificação a um estudante, Nuno Botelho daria “um 10” a António Costa Silva.

“É um homem sério, um homem com ideias, mas que não tinha peso político neste Governo por comparação com o seu antecessor, Pedro Siza Vieira”, aponta o empresário e jurista no habitual espaço de comentário no programa ‘Manhã, Manhã’.

Esta semana, à margem da conferência "Portugal: Um país condenado a ser pobre?", co-organizada pela Renascença e pela Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia, António Costa Silva revelou que a crise política precipitada pela demissão do Governo poderá ter deitado a perder, pelo menos, um avultado investimento de um consórcio europeu dedicado ao fabrico de baterias elétricas.

“É verdade que a crise política está aí e, obviamente, tem influência. Mas não é só da crise política”, defende Nuno Botelho.

O problema, diz, é que “há muito tempo que o país deixou de olhar para as empresas, para a criação de riqueza e para a captação de investimento estrangeiro como algo prioritário”.

Em vez disso, o presidente da Associação Comercial do Porto acusa o Estado português de ser “muito pouco amigo das empresas”, num país com dois milhões de pobres, “que é muito mais do que deveríamos ter para um país dito desenvolvido”, remata, parafraseando o ministro da Economia.

Por isso, a pergunta: “se temos isso tudo, como é que nós não conseguimos captar o investimento? O que falhou para que isso acontecesse?”

A resposta é pronta: “não foi a crise política, foram as teias da burocracia, a dificuldade que existe em licenciar uma série de coisas em Portugal”.

Um problema que, para o presidente da Associação Comercial do Porto radica numa conduta da Administração Pública que classifica de “arrogante” e que “nos vai pondo em situações muito difíceis, o que torna complicado para as empresas criar riqueza e criar emprego qualificado, que é bom para o país”.

Norte da semana

COP 28. "Mais de 200 países ratificaram o texto final da Cimeira da ONU sobre alterações climáticas. O texto aponta, pela primeira vez, para uma clara eliminação dos combustíveis fósseis até 2050. Isso é algo muito positivo e eu acho que apesar de algumas lacunas no texto – nomeadamente a ausência de metas objetivas – o facto de haver consenso sobre esta matéria é um dado muito positivo num mundo cada vez mais em convulsão".

Desnorte da semana

Rede UNIR. "A ideia é positiva e veio unificar a rede de transporte rodoviário do Grande Porto. Arrancou a 1 dezembro, mas o que se verificou é que nada estava preparado: os horários estavam por divulgar; os que foram divulgados, não eram cumpridos; as indicações dos autocarros estavam erradas. Apareceram, aliás, mensagens em alguns autocarros em sueco. Assim é difícil convencer as pessoas a usar os transportes públicos, a não ser que não tenham mesmo outra opção”.

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