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"Pode ser preciso resgatar" Global Media Group, diz Livre

08 jan, 2024 - 18:38 • Lusa

Rui Tavares defendeu que o Estado tem a "obrigação de preservar" os valores constitucionais que estão em causa com a crise que o grupo enfrenta.

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O deputado do Livre Rui Tavares defendeu esta segunda-feira que "pode ser preciso resgatar o Global Media Group (GMG)" e que os jornalistas e trabalhadores daquele grupo estão a lutar pela democracia ao defenderem os seus postos de trabalho.

No final de uma visita à redação no Porto do Jornal de Notícias, um dos títulos detidos pelo GMG, aos quais se juntam a TSF, O Jogo, o Diário de Noticias, o Açoriano Ocidental, entre outros, Rui Tavares defendeu que o Estado português "nas suas várias vertentes" tem a "obrigação de preservar" os valores constitucionais que estão em causa com a crise que o grupo enfrenta.

Segundo o deputado único do Livre, a situação que a GMG enfrenta, com a ameaça de despedir mais de 200 trabalhadores e encerrar meios de comunicação, é uma "situação de emergência" que tem de ser reconhecida.

"Temos de ter todos noção do momento de emergência que estamos a viver. Como o país soube ter noção da emergência que o país estava a viver na pandemia, como se resgataram bancos, como se resgatou uma TAP, pode ser preciso resgatar o Global Media Group", defendeu Rui Tavares.

Para o líder do Livre, o Governo não pode "ficar à espera de fazer o obituário destes jornais, destas rádios, deste grupo de media porque se for necessário fazer uma nacionalização temporária que ela seja [feita], com uma comissão de gestão independente, fale-se com conselho de reitores, fundações, com quem tiver que ser de forma a que se assegure que não há intervenção do Estado mas há o resgate".

Para o porta-voz do Livre, "é heroísmo destes trabalhadores, além dos jornalistas (...) que estão a lutar por aquilo que luta qualquer trabalhador, pelo seu modo de vida, pela sua comida no prato (...) mas estão a lutar por todos nós e estão a chamar a atenção para um tema que é a democracia".

Naquela luta, disse Rui Tavares, o Estado tem um papel a desempenhar: "O Estado português nas suas várias vertentes, o poder judicial, na queixa que já tem no Ministério Público entregue pelo Sindicato do Jornalistas, a Entidade Reguladora para a Comunicação, que tem obrigações de saber quem é efetivamente detentor, beneficiário último da propriedade de um grupo de media e, em última análise, o próprio Governo que, mesmo estando em gestão, tem a obrigação de preservação dos valores constitucionais e que tem uma caixa de ferramentas que deve usar", enumerou.

Entre elas, apontou, "uma Comissão de Inquérito, neste parlamento que vai ser dissolvido esta semana, já não irá a tempo, mas na próxima legislatura certamente que o Livre estará entre quem deseja que exista essa comissão parlamentar de inquérito".

No mesmo momento, o delegado sindical do JN Augusto Correia lembrou a greve geral do grupo que vai decorrer na quarta-feira, estando marcada uma concentração para as 9h00 à porta do JN, no Porto, outra as 14h00 em frente à "torre do JN", em Gonçalo Cristovão, para "uma caminhada" até à Avenida dos Aliados.

O Sindicato dos Jornalistas apresentou um pré-aviso de greve entre as 14h00 e as 15h00 de quarta-feira: "Apelamos a todos os jornalistas que se juntem a nós na Avenida dos aliados, mas também qualquer pessoa que queira defender o JN e a democracia", explicou Augusto Correia.

Em Lisboa, os trabalhadores vão juntar-se às 9h00 na escadaria da Assembleia da República, onde o ministro da Cultura vai prestar depoimento na Comissão de Cultura e Comunicação sobre a situação do GMG, e mais tarde voltam a juntar-se às 14h00 junto à sede do grupo.

Os trabalhadores do GMG não receberam ainda o subsídio de Natal nem o salário do mês de dezembro, sendo que os colaboradores a recibo verde receberam o mês de outubro já em janeiro.

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