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A Semana de Nuno Botelho

"Reagricultar" a Europa para salvar um setor "muito mal tratado"

03 fev, 2024 - 09:00 • André Rodrigues

Nuno Botelho critica a postura do Governo, que esperou até que os agricultores bloqueassem estradas para, só depois, avançar com promessas que só agradaram a uma parte do setor. “Há uma arte dos governos de dividirem para reinar e, quando os setores aparecem divididos, a capacidade reivindicativa perde-se”. Sobre a Operação Pretoriano, que envolve a claque SuperDragões, o presidente da Associação Comercial do Porto lembra que "a instituição FC Porto “está acima disto".

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A SEMANA DE NUNO BOTELHO 3FEV

O presidente da Associação Comercial do Porto defende uma estratégia para “reagricultar a Europa”.

Na semana em que os agricultores portugueses se associaram aos protestos em vários países europeus, Nuno Botelho defende que, a par com a reindustrialização, a Europa deveria estar, também, a discutir o robustecimento do setor primário, "que tem sido desmantelado e está a ser muito mal tratado".

"Apesar representar pouco, do ponto de vista do PIB, [a agricultura] tem um grande contributo em várias outras questões, nomeadamente a coesão territorial, impede a desertificação do país”, realça o empresário e jurista.

Apesar de ter sido apontado como um protesto para durar por tempo indeterminado, os bloqueios promovidos pelos agricultores em várias autoestradas e junto às principais fronteiras com Espanha não chegaram às 24 horas, graças às promessas do Governo de que, ainda este mês, seriam pagos os apoios em falta.

Perante as acusações de uma parte dos agricultores que chegaram a falar em “traição”, Nuno Botelho avisa que esta "aparente divisão vem prejudicar a luta dos agricultores, mas diga-se de passagem, isto não é novo”.

Exemplo disso, diz Nuno Botelho, é o facto de “na concertação social, algumas confederações empresariais terem assinado um acordo e outras terem ficado de fora”.

"Há, de facto, uma arte dos governos de dividirem para reinar e, quando os setores aparecem divididos, ou têm possibilidade de serem divididos, a capacidade reivindicativa perde-se", constata.

Operação Pretoriano. “FC Porto está acima disto”

Noutro plano, Nuno Botelho admite que a operação policial que culminou, esta semana, com a detenção do líder e de vários elementos da claque SuperDragões poderá ter sido o pretexto para investigar outras situações que nada têm a ver com os episódios ocorridos na Assembleia-Geral extraordinária realizada em novembro passado.

Não tem qualquer razão de ser a apreensão de automóveis pelo insulto ou, até, agressão numa Assembleia-Geral", assinala o presidente da Associação Comercial do Porto.

"Encontraram uma desculpa para irem atrás de algo mais profundo, que há muito se falava em surdina”, acrescenta.

Os desenvolvimentos da Operação Pretoriano levaram Nuno Lobo, um dos candidatos à sucessão de Pinto da Costa, a sugerir o adiamento das eleições no clube azul e branco, alegando a instabilidade suscitada pelo caso.

Nuno Botelho fala em “exagero e folclore eleitoral”, lembrando que “não faz sentido confundir a instituição FC Porto com estes acontecimentos e que a instituição FC Porto está acima disto”.

“O ato eleitoral deve decorrer com total normalidade, independentemente das consequências que advenham de todas as buscas”, remata.

Norte da semana

Investimento estrangeiro a subir. "O ministro da Economia anunciou esta semana que o investimento direto estrangeiro produtivo subiu de 2,44 mil milhões, em 2022, para os 3,5 mil milhões de euros. É um crescimento importante. Agora, deveríamos ir atrás da captação de marcas”.

Desnorte da semana

Conflito no Médio Oriente. “Tivemos esta semana a morte de três soldados americanos numa base militar na Jordânia, por drones comandados por milícias sírias apoiadas pelo Irão. Os Estados Unidos estão a reforçar as suas bases na região. É, de facto, urgente haver uma pacificação em Gaza. Por outro lado, a crise no Mar Vermelho, que está a trazer sérios constrangimentos à economia global. Os huthis estão a transformar-se em autênticos piratas. Há que acabar, porque estão em causa as transações internacionais. Basta ver a escalada do preço do petróleo nos últimos dias”.

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