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Preço do ouro. “A questão é saber quanto mais poderá subir”

06 mar, 2024 - 01:16 • Marisa Gonçalves

Em declarações à Renascença, o economista Álvaro Santos Almeida questiona se o mercado bolsista não estará à beira de uma “bolha prestes a rebentar”.

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O preço do ouro segue uma rota ascendente, demonstrando uma forte recuperação há mais de 15 meses. As cotações parecem assumir, cada vez mais, uma cobertura contra a inflação. No entanto, o economista Álvaro Santos Almeida alerta para “uma bolha que pode vir a rebentar”, dada a imprevisibilidade do comportamento dos mercados internacionais, a longo prazo.

"Não sabemos o futuro. É um facto que se trata de uma tendência que já vem de há algum tempo. A questão que se coloca é precisamente saber quanto mais poderá subir. Será que os ativos em geral e o ouro em particular vão poder continuar a subir muito mais, ou estaremos perante uma bolha que rebentará a qualquer momento? Essa é que é a grande questão”, refere à Renascença, lembrando que a produção de ouro não tem aumentado, o que contribui para a subida deste metal precioso.

Esta terça-feira ficou marcada por um novo recorde histórico, dia em que foi atingido o valor de 2.141,79 dólares por onça. O anterior máximo registado em dezembro era de 2.135,40 dólares por onça.

A concorrer para este cenário podem estar as esperanças crescentes dos investidores em que o banco central norte-americano venha a cortar as taxas de juro.

“Certamente que a expectativa de descida terá contribuído para esta subida do preço do ouro e dos ativos, nos últimos meses. Taxas de juro mais altas, em princípio, são fator que impedem a subida. No entanto, nos últimos dois anos, os preços dos ativos subiram com taxas de juro também a subir ao mesmo tempo. Portanto, é sempre difícil saber qual é o impacto dessas expectativas. Naturalmente que há aqui uma incerteza e essa incerteza contribui para a subida do preço do ouro”, sustenta o economista.

Eleições americanas e conflitos mundiais geram incerteza

Álvaro Santos Almeida acrescenta outras notas que multiplicam este quadro de indefinição e tornam o ouro mais atrativo para os investidores. O economista recorda que o resultado das eleições presidenciais, nos Estados Unidos, pode colocar em causa o papel do dólar no mercado Internacional e destaca as tensões geopolíticas.

“A única alternativa que existe em termos internacionais ao dólar é o ouro. Portanto, terá havido alguma procura por esse motivo. A par disso, estamos numa época de grande incerteza geopolítica com conflitos reais em vários pontos do globo e potenciais em mais alguns. O ouro é também visto como uma reserva de valor nestes tempos incertos em que há convulsões”, sublinha.

O preço do ouro surge incluído na valorização crescente dos ativos, a par da bitcoin. A moeda digital registou, também esta terça-feira, um novo recorde histórico ao ultrapassar a barreira dos 69 mil dólares (cerca de 63 mil euros), pela primeira vez em mais de dois anos.

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