17 abr, 2024 - 11:26 • André Rodrigues
A Associação de Defesa do Consumidor (Deco) considera "discriminatória” a medida que prevê o financiamento bancário de 100% na compra da primeira casa para jovens até 35 anos - uma das medidas com que o novo Governo pretende contrariar a crise no setor da habitação.
“É uma medida que deixa de fora todas as outras pessoas que têm mais de 35 anos e que estão a comprar pela primeira vez”, assinala na Renascença a coordenadora do gabinete de proteção financeira da Deco.
Por outro lado, Natália Nunes diz ter reservas quanto à forma como a medida pode ajudar os jovens, sobretudo os de mais baixos rendimentos.
Esta responsável da Deco admite que, “apesar de positiva”, esta medida lembra que “os jovens que necessitam de ajuda no início para comprarem a casa, depois não têm capacidade para suportar as prestações que resultam do crédito à habitação”.
Noutro plano, Natália Nunes diz não estar surpreendida com a reduzida adesão das famílias ao mecanismo instituído pelo anterior Governo para a estabilização dos encargos com o crédito à habitação.
Explicador Renascença
Este apoio ao crédito à habitação vigorou entre no(...)
A coordenadora do gabinete de proteção financeira da Deco defende que a medida acabou mesmo por ter um efeito contrário ao pretendido, uma vez que, “as famílias que necessitam de ajuda foram as que viram a prestação mais do que duplicar”, tendo em conta o custo final imputado aos clientes bancários.
"As famílias começaram a verificar que aquilo que elas não pagavam agora, iriam pagar mais tarde e ainda acrescido de juros... esse foi um aspeto que levou as famílias a não estarem interessadas a recorrer a esta medida”, conclui.
Esta quarta-feira, o Jornal de Negócios dá conta da reduzida adesão por parte das famílias ao apoio ao crédito à habitação que previa o congelamento de parte do capital em dívida por um período de dois anos.
A medida foi lançada pelo anterior Governo, com a duração de cinco meses - entre 2 de novembro de 2023 e 31 de março de 2024. Na altura em que foi lançada, o ministro das Finanças à data, Fernando Medina, estimava que entre 900 mil e um milhão de famílias pudessem ser abrangidas.
Contudo, até ao último dia em que foi possível aceder ao mecanismo, só pouco mais de 7.000 empréstimos tinham solicitado o apoio.