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Novo Aeroporto de Lisboa

Aeroporto em Alcochete por 10 mil milhões? "Vinci nunca foi favorável àquela localização"

18 dez, 2024 - 10:23 • André Rodrigues

Comissão estimou custo do futuro aeroporto em 6,1 mil milhões. Concessionária "carrega nos custos" para melhorar condições a seu favor, diz João Duque.

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O economista João Duque admite que possa ter havido “erro de perceção” da Comissão Técnica Independente que estudou a localização do futuro aeroporto de Lisboa.

Embora reconheça não conhecer na totalidade a estrutura de custos envolvida, o comentador da Renascença lembra que, “quando se começa a montar custos que imponham ferrovia, nova travessia do Tejo e autoestradas, isto é um nunca mais acabar”.

Depois, acrescenta-se outra questão: “como é que é possível, do ponto de vista do Estado, equilibrar contas” com o retorno que venha a resultar desse investimento.

De acordo com o Jornal de Negócios desta quarta-feira, em causa está a disparidade entre os 6,1 mil milhões estimados pela Comissão Independente para a construção do futuro aeroporto de Alchochete e o valor da proposta da ANA-Vinci, que aponta para um intervalo de custos entre os 8 mil e os 10 mil milhões de euros.

Uma das razões para este desvio terá a ver como o facto de a empresa gestora dos aeroportos nacionais nunca se ter mostrado favorável à localização no Campo de Tiro de Alchochete.

Para João Duque, a ANA está a “carregar nos custos” para fundamentar aquilo que, do seu próprio ponto de vista, é a não atratividade do local: “Isto pode ser aduzido numa eventual renegociação do prazo de concessão: por isso, quanto mais empolar os custos do projeto, mais razão dá a um aumento do prazo para compensar o investimento que teria de fazer agora”.

“Ou seja, o que a Vinci quer dizer é que, nestas condições, não consegue suportar todo o investimento”, clarifica o economista.

“Nem um euro dos contribuintes? Quase impossível!”

Há cerca de um mês, o ministro das Infraestruturas, Miguel Pinto Luz, disse no Parlamento que o futuro aeroporto da região de Lisboa não custaria “nem um euro para os contribuintes”.

Já do lado das Finanças, Joaquim Miranda Sarmento não se compromete com esse cenário e prefere sublinhar que o Governo procurará que os encargos para o Estado sejam o mais mitigados possível e, idealmente, sem custos para os contribuintes.

Na leitura de João Duque, o ministro das Finanças prefere ser mais cauteloso, “para não ser acusado de propagandista barato”.

Do lado oposto, Pinto Luz é ministro de uma pasta que faz despesa. “Esses ministros que fazem despesa são, tipicamente, mais aventureiros”.

“Não estou a dizer que Miguel Pinto Luz tenha sido totalmente aventureiro. Agora, garantir que nunca há um tostão colocado pelos contribuintes numa obra desta dimensão, é quase impossível”, assegura.

Alcochete “não terá retorno possível”

Para a diretora do Jornal de Negócios, o desvio entre custo estimado e valor final proposto pela ANA-Vinci não deverá significar uma suspensão do projeto, ou um regresso à estaca zero.

“A obra não terá, neste momento, retorno possível”, admite Diana Ramos.

"Houve um encontro de vontades entre o Partido Socialista, já com o novo secretário-geral Pedro Nuno Santos, e o Governo para que fosse definida uma localização, para que houvesse um entendimento”, lembra.

Do lado da ANA, Diana Ramos também acredita que "haja vontade para encontrar uma solução para que o aeroporto avance”.

Contactada pela Renascença, Maria do Rosário Partidário - que liderou a Comissão Técnica Independente que estudou a futura localização do novo aeroporto de Lisboa - diz que só se pronuncia sobre esta derrapagem, depois de analisar a proposta da ANA Aeroportos.

[notícia atualizada às 12h00 com a posição da presidente da Comissão Técnica Independente, Maria do Rosário Partidário]

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