19 dez, 2024 - 06:10 • Sandra Afonso
A descida da inflação deverá travar muitos aumentos, mas não deverá ser suficiente para impedir que a maioria dos setores subam preços e tarifas em 2025. Confira aqui as contas do novo ano.
As famílias no mercado regulado (cerca de 870 mil) vão pagar mais 2,1% pela luz, em Portugal Continental, e mais 1,4% nos Açores e na Madeira. Este agravamento já inclui a descida de 3,6% da tarifa de acesso à rede, um custo pago por todos os consumidores, quer estejam no mercado regulado ou liberalizado.
Para os clientes residenciais que estão no mercado liberalizado, cerca de 5,6 milhões, a tarifa a pagar depende da oferta de cada comercializador.
A EDP Comercial, que fornece quase 58% do mercado doméstico, já anunciou uma descida de 7% em média da fatura, em 2025. A elétrica justifica o corte com uma redução de 6% no preço da energia, a que se junta a descida de 3,6% na tarifa de acesso às redes e a redução do IVA.
A partir de janeiro, os primeiros 200 quilowatts-hora (kWh) consumidos por cada família, ou 300 kWh se forem famílias numerosas, serão taxados a 6%, em vez dos atuais 23%.
A Galp antecipou-se e já baixou em dezembro a componente de energia, em 6%.
A entrada de um novo operador no mercado no final de 2024, a Digi, tem levado os concorrentes a apresentarem novas soluções aos clientes. Esta dinâmica concorrencial chega também aos preços.
A NOS anunciou que “não vai aumentar os seus preços em 2025”. Fonte oficial da operadora disse à Lusa que a decisão “é transversal a todos os serviços e tarifários de telecomunicações”.
Já a Meo diz que o aumento mínimo de 50 cêntimos em janeiro é para manter, como já tinha sido anunciado. A excepção são os serviços da marca digital Uzo e da marca para o segmento jovem, Moche, “que não vão ser atualizados”.
A Digi, com fibra e rede móvel, mas cobertura limitada, entrou no mercado português com períodos de fidelização de três meses, apenas no serviço fixo, e preços abaixo doz que estavam a ser praticados no mercado.
As três maiores operadoras estão a responder com preços mais competitivos, mas só nas marcas low-cost: Uzo (Meo), Woo (Nos) e Amigo (Vodafone).
Na padaria também deverá passar a deixar mais dinheiro. A Associação do Comércio e da Indústria de Panificação (ACIP) já admitiu que o preço do pão deverá aumentar em 2025, para dar resposta à subida dos custos de produção, como os combustíveis e a farinha, e do salário mínimo.
Ainda assim, a Associação sublinha que Portugal é um dos Estados-membros com o preço por quilograma de pão mais baixo e a melhor relação qualidade/preço.
Na mesma linha, também a Federação Nacional das Cooperativas de Produtores de Leite (Fenalac) admite que o preço pode subir em 2025, se os fatores de produção continuarem a aumentar.
O presidente da federação, Idalino Leão, diz à Lusa que a energia, gasóleo e eletricidade, estão mais caros. Esperam respostas do governo mas não descartam agravar o preço final do leite
O preço do leite comprado a produtores individuais do Continente atingiu em outubro (últimos dados) 0,458 euros por quilograma (kg), o valor mais alto desde janeiro, segundo dados do Gabinete de Planeamento, Políticas e Administração Geral (GPP).
Por sua vez, o queijo flamengo (à saída da fábrica) tocou, em novembro, o valor mais alto do ano, fixando-se em 687,18 euros por 100 quilogramas (kg).
Depois de ter atingido valores recorde nos últimos anos, espera-se uma descida do preço do azeite em 2025.
Para 2024, o Instituto Nacional de Estatística já prevê uma quebra da média anual do preço de quase 30%, com o aumento da produção mundial e a normalização da oferta. As previsões para a campanha em curso são otimistas.
Quem viaja de comboio, pode contar com um aumento médio de 2,02%, a partir de 1 de janeiro.
Nos comboios urbanos de Lisboa e Porto, por exemplo, o bilhete inteiro pode subir até 10 cêntimos, dependendo da zona. A assinatura mensal normal, que é uma oferta comercial da empresa (distinta do passe que é definido pelo governo), entre Braga e Porto, por exemplo, sobe 1 euro e meio, para 75,60 euros.
O Alfa Pendular entre Lisboa e Porto aumenta 1 euro, para 47,40 euros. Se optar pelo Intercidades, para o mesmo percurso, paga mais 80 cêntimos, são 40,55 euros por viagem.
Na Área Metropolitana do Porto, os passes para os transportes públicos mantêm os preços, quer o metropolitano, quer o municipal. O custo do bilhete Andante fica também congelado em 2025.
Apenas sobem os bilhetes comprados a bordo, na rede Unir, em linha com a inflação: passam de 2,20 euros para 2,30 nas distâncias mais pequenas, de 4,40 para 4,60 nas intermédias e de 6,60 para 6,90 nas mais longas.
Na Área Metropolitana de Lisboa nada muda, os preços mantêm-se em 2025. O passe Navegante para um município fica nos 30 euros, e o metropolitano (18 municípios) nos 40 euros.
Já o bilhete para a Carris e para o Metropolitano aumenta cinco cêntimos, para 1,85 euros. Se for diário, sobe 20 cêntimos: para 7 euros, um bilhete de Metro e Carris; 10 euros, se incluir também a Transtejo; e 11 euros para um bilhete diário válido para Carris, Metro e CP.
O bilhete ocasional, no cartão Navegante, ou carregamentos em cartão bancário ou Viva Go, aumenta 5 cêntimos.
Atravessar autoestradas vai ficar mais caro. As portagens deverão aumentar 2,2% em 2025, uma subida que resulta da soma da taxa de inflação homóloga sem habitação no continente, fixada em 2,11%, acrescida de 0,1%.
Nas pontes 25 de Abril e Vasco da Gama os veículos de classe 1 pagam mais 5 cêntimos, na última classe as subidas chegam aos 15 cêntimos na ponte 25 de Abril e aos 25 cêntimos na Vasco da Gama.
A boa notícia é que algumas antigas Scut deixam de ter portagens a partir de 1 de janeiro: A4;A13 e 13-1; A22; A23; A24; A25; A28.
Ter Via Verde fica mais caro no novo ano. As mensalidades das modalidades “mobilidade” e “mobilidade leve” aumentam de 1,14 euros e 1,43 euros, respetivamente, para 1,25 euros e 1,59 euros, segundo a nova tabela já disponível ‘online’. A subscrição “autoestrada” sobe 1 cêntimo para 0,53 euros. São valores já com desconto por adesão ao extrato eletrónico.
No próximo ano as rendas podem subir até 2,16% (depois de em 2024 o aumento ter chegado a 6,94%), este é o valor determinado pelo coeficiente legal de atualização anual, fixado pela inflação média dos últimos 12 meses em agosto.
Na prática, significa que uma renda de mil euros pode subir até 21 euros e 60 cêntimos.
Com a entrada em vigor do Mais Habitação, os contratos anteriores a 1990 também podem ser atualizados até 2,16%, desde que tenham decorrido 12 meses desde a última atualização.
Visitar museus e monumentos fica mais caro a partir de janeiro. A maioria aumenta entre dois e sete euros, segundo a nova tabela dos Museus e Monumentos de Portugal (MMP), publicada em Diário da República.
A entrada em alguns equipamentos aumenta para o dobro, como no Museu Nacional de Etnologia, em Lisboa, e no Museu Nacional da Música, que vai abrir em Mafra em 2025, ou o Paço dos Duques de Bragança, em Guimarães, que passa de cinco para 10 euros.
Os maiores aumentos, de sete euros, estão reservados a alguns dos equipamentos mais visitados, como a Torre de Belém, o Museu Nacional dos Coches (inclui entrada no Picadeiro Real), o Museu Nacional de Arqueologia e os Palácios Nacionais da Ajuda e de Mafra, que passam de oito para 15 euros. No Mosteiro dos Jerónimos, a entrada aumenta de 12 para 18 euros: são mais seis euros.
Nota: Este artigo vai sendo atualizado à medida que forem conhecidos mais mudanças nos preços de outros produtos