13 mai, 2019 - 07:31 • Eunice Lourenço
Sim, só esta segunda-feira começa a campanha eleitoral para as eleições europeias de 26 de maio. Seguem-se 12 dias de campanha oficial com 17 partidos e coligações que percorrerem milhares de quilómetros para preencherem os 21 lugares de eurodeputado que cabem a Portugal.
Os partidos entraram praticamente em modo pré-campanha logo depois da aprovação do Orçamento do Estado para este ano, mas com os olhos postos nas eleições legislativas de 6 de outubro. E foi também com os olhos postos nessas eleições que partiram para a pré-campanha das europeias, com quase todos a criticar o PS por querer fazer das europeias uma primeira volta das legislativas, mas quase todos fazendo o mesmo.
A crise dos professores interrompeu a pré-campanha. Durante uma semana quase que não se falou noutra coisa, como lamentou o líder do PSD, Rui Rio, que até estava a ver o seu partido par a par com o PS nas sondagens.
Agora, com o início do período oficial da campanha, o PSD tenta recuperar a semana perdida. O seu cabeça de lista, Paulo Rangel, vai andar na rua todos os dias. E na rua é na rua, com visitas a mercados e contatos com a população. Como Rangel fez questão de salientar este domingo à noite, em Penafiel, o PS “só sai à rua” na sexta-feira, com um passeio em Coimbra.
Enquanto Rangel tem dias com cinco e seis ações de campanha, Pedro Marques tem em geral três e para nos dias de debate (dia 20 é o último debate, na RTP). A campanha socialista também prevê ir aos Açores e Madeira neste período oficial, quando a maioria dos principais partidos já foi.
Entre Rangel e Pedro Marques já se percebeu na pré-campanha que o debate se centra no bom uso ou não dos fundos europeus. O discurso do PS é o do novo pacto social que a Europa precisa, do exemplo de equilíbrio que Portugal deu para a Europa. E os ataques ao PSD têm sido feitos mais ao PPE (Partido Popular Europeu, onde tanto o PSD como o CDS têm assento e em que Rangel é um dos vice-presidentes). Os socialistas fazem questão e lembrar que o PPE quis impor sanções a Portugal.
Do lado do PSD, os ataques são PS lembram que a lista tem vários ex-governantes do tempo de Sócrates. Mas o maior ataque nesse campo tem sido feito por Nuno Melo, o cabeça de lista do CDS, que há cinco anos foi eleito na lista conjunta com o PSD e agora tem de fazer um discurso próprio que tem de ser também contra o PSD.
Tentativas de regresso
A Nuno Melo cabe cumprir o objetivo de não continuar sozinho em Bruxelas, o mesmo objetivo que tem Marisa Matias. Como há cinco anos o MPT (Movimento Partido da Terra) elegeu dois eurodeputados a reboque do cabeça de lista Marinho Pinto, ambos têm esperança de ir buscar esses lugares.
Já o PCP vai lutar para não perder nenhum dos seus três eleitos, numa tarefa difícil e que se vai travar com uma campanha centrada a Sul e na área metropolitana de Lisboa, onde os comunistas vão tentar segurar eleitorado. A lista volta a ser liderada por João Ferreira.
Mas há vários candidatos a esses lugares sem dono, já que o MPT não concorre nestas eleições sozinho e, ao longo destes cinco anos, perdeu os seus próprios eurodeputados: Marinho Pinto em rutura e José Inácio Faria por lhe ter sido retirada a confiança política. A começar por Marinho Pinto, que concorre pelo partido que, entretanto, fundou, o Partido Democrítico República (PDR).
À procura de um regresso ao Parlamento Europeu está também Rui Tavares, que foi eleito uma vez pelo Bloco de Esquerda, mas também entrou em rutura e fundou o Livre.
Eleições de estreias
Estas são também umas eleições de estreias. Do Aliança, de Pedro Santana Lopes, que tem Paulo Sande como cabeça de lista. Do Iniciativa Liberal, com a lista liderada por Ricardo Arroja. Mas também da coligação “Basta”, liderada por André Ventura, que junta o seu Chega ao Partido Popular Monárquico, o Partido Cidadania e Democracia Cristã e o Democracia 21. Será o primeiro teste a um partido de cunho nacionalista e conservador que tenta ocupar um espaço que o Partido Nacional Renovador (PNR) nunca conseguiu ocupar, apesar de se apresentar regularmente a eleições, como aliás o faz novamente nestas europeias com o cabeça de lista João Patrocínio.
Estreia também em eleições europeias é o Nós Cidadãos, partido fundando em 2015, que tem como cabeça de lista Paulo Morais, que fundou a sua Frente Cívica depois da candidatura presidencial de 2016. E tem como número dois da lista o ainda eurodeputado José Inácio Faria, que está em diferendo com o MPT, partido que chegou a liderar.
Também e 2015 é o Partido Unido dos reformados e Pensionistas (PURP), que apresenta Fernando Reis Martins como cabeça de lista.
Quem se quer estrear, não em eleições, mas em lugares é o PAN, que tem esperança de repetir a surpresa das legislativas de 2015 e levar Francisco Guerreiro para Bruxelas como conseguiu pôr André Silva em São Bento.
Entre os 17 concorrentes a estas europeias estão alguns “clássicos”, como o PCTP-MRPP, com uma lista liderada por Luís Júdice, ou o Movimento Alternativa Socialista (MAS), que tem a sua lista liderada por Vasco Santos. A lista de candidatos inclui ainda o Partido Trabalhista Português, liderado por Amândio Madaleno, que escolheu o filho, Gonçalo Madaleno, para cabeça de lista.