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CDU passou pelo Couço, bastião comunista e da “frijoca”

20 mai, 2019 - 19:41 • Rosário Silva

João Ferreira agradeceu todo o empenho dos “homens e mulheres que sabem muito bem o que significa tomar nas suas mãos o destino das suas vidas”, numa terra de gente “que transporta para o presente um glorioso passado de luta antifascista”.

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Ainda falta uma hora, mas na Casa do Povo de Couço, concelho de Coruche, à porta e aproveitando as sombras, já estão muitos daqueles que vieram propositadamente para um almoço de campanha com o candidato europeu da CDU, João Ferreira, e de apoio ao seu partido de sempre e para sempre.

“Apoiarei o partido até morrer”, afirma, sentada num banco, Maria Guilhermina. Com 84 anos, sempre que a saúde permite, não perde uma iniciativa do Partido Comunista Português (PCP), o “único que sempre apoiou a luta dos trabalhadores e lutou pela liberdade.”

“Estive morta às mãos da PIDE e o que sofri vai comigo para debaixo da terra”, revela à Renascença. Confessa que guarda “muitas mágoas”, e lamenta que 45 anos depois do 25 de abril, ainda se esteja “a tocar nas feridas do antigamente.”

Da mesma idade, Vicência Marques é uma comunista ferrenha. “Eu sou muito comunista, sofri muito noutro tempo e sou sempre comunista até à morte pois é o partido que nos defende”, declara na breve conversa que mantemos.

“Estive presa, nunca me fizeram mal, mas na altura tinha a minha menina pequenina e foi muito mau”, realça, explicando que “a gente queria fazer greves e eles não deixavam e então eramos presos”.

Dois, entre muitos outros testemunhos que fazem da vila do Couço, às portas do Alentejo, mas no distrito de Santarém, um símbolo da resistência ao regime de Salazar. Uma população habituada à rudeza do trabalho rural num dos bastiões comunistas que restam na região do Ribatejo.

João Ferreira à espera de cozido, mas “frijoca” não desmereceu

Para além de comunista, Vicência é também a “cozinheira de mão cheia” que prepara o almoço. A ela junta-se Lucinda. “É tudo voluntário, faço por amor à política e ao partido”, confidencia-nos à medida que destapa uma enorme panela e revela o que vai ser o almoço.

“Vai ser frijoca”, ri-se. “É a carne do porco da matança que se frita com alhinhos e mais não posso dizer para não revelar todos segredos”.

O prato típico do Couço havia de ser servido com batata cozida, arroz de cenoura e salada, antecedido de um caldo verde com um sabor acentuado a enchidos, entretanto interrompido com a chegada de João Ferreira. O candidato europeu da CDU, entre palmas e palavras de ordem, não se fez rogado e cumprimentou, sempre sorridente, todos os que dele se aproximaram.

Mais tarde, no discurso, havia de admitir que, afinal, estava à espera de cozido à portuguesa.

“Há vários dias que se vinha falando na nossa caravana do cozido do Couço, mas esta ‘frijoca’ não desmereceu, esteve à altura do melhor que já levamos daqui do Couço”, referiu.

O eurodeputado comunista agradeceu todo o empenho dos “homens e mulheres que sabem muito bem o que significa tomar nas suas mãos o destino das suas vidas”, numa terra de gente “que transporta para o presente um glorioso passado de luta antifascista”.

“É desta fibra que se faz a nossa intervenção quotidiana, seja cá em Portugal seja no Parlamento Europeu”, acrescentou João Ferreira, dando início a um discurso de quase 25 minutos, terminando com o apelo ao voto na CDU: “O voto acertado é mesmo no último quadrado”.

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