20 abr, 2017 - 13:34 • Filipe d'Avillez
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No próximo dia 13 de Maio, em Fátima, Francisco e Jacinta Marto serão canonizados, tornando-se assim os mais novos santos não-mártires da Igreja Católica.
Um dos dados mais impressionantes da história das aparições de Fátima é o facto de os dois irmãos terem previsto a sua própria morte, como lhes tinha sido comunicado por Nossa Senhora. Morreram de pneumónica, com menos de um ano de diferença, primeiro Francisco e depois Jacinta, que estava internada no Hospital D. Estefânia na altura em que morreu.
O actual capelão do hospital, padre Carlos Azevedo, diz que o exemplo dos pastorinhos ainda ressoa para as crianças que estão internadas ou que são assistidas no D. Estefânia. “É evidente que muitas das crianças que acompanhamos são efectivamente muito pequeninas, mas aos mais crescidos damos sempre como referência a heroicidade no sofrimento, que é a grande virtude exaltada não só na beatificação mas também na canonização dos pastorinhos”, diz.
“A grande virtude dos pastorinhos reconhecida pela Igreja é terem sido valentes durante as horas mais difíceis da sua vida. Esse é o exemplo que também procuramos passar. Sempre exaltando não o lado do sofrimento, mas o lado do amor com o qual os pastorinhos valorizavam as suas dificuldades.”
Numa altura em que a sociedade revela dificuldades em aceitar que possa haver algum valor no sofrimento, o padre Carlos Azevedo diz que é necessário focar a questão do amor. “É evidente que quando nos ficamos pela linguagem do sofrimento ficamos só a meio do caminho. O sofrimento é só um meio. Muitas vezes temos a tentação de transformar esse meio em fim. Este é um grande problema que atinge os nossos tempos. Numa cultura de bem-estar em que vivemos, quando somos afrontados pela nossa fragilidade física tudo fica posto em causa.”
“Procuramos muitas vezes pegar neste exemplo dos pastorinhos e veicular esta ideia. Colocar amor em tudo aquilo que se vive, é fazer com que – inclusivamente para o próprio e para aqueles que têm de lidar com ele em situação de fragilidade – tudo se torne um pouco mais fácil”, explica.
“Aqui o que conta não é o sofrimento, é evidente que ele está presente, mas o que é importante é sermos capazes de passar a imagem do amor que se pode viver neste momento. Aliás, este hospital não é uma casa só de sofrimento, é essencialmente uma grande escola de amor, é isso que testemunhamos aqui todos os dias.”
Em Fátima no dia 13 de Maio esperam-se centenas de milhares de pessoas, o que dificulta a presença de doentes do D. Estefânia no recinto para assistir ao vivo às aparições, mas não é por isso que o espírito de alegria pela canonização se deixará de viver no hospital. “O nosso grande dia de festa é precisamente o dia 20 de Fevereiro, precisamente o dia em que Jacinta partiu daqui para Deus, e agora iremos, durante todo o mês de Maio, dar um particular destaque a este acontecimento. Todo este ano iremos ter inúmeras visitas de peregrinos do mundo inteiro que visitam esta casa procurando tudo aquilo que é de memória e de exemplo a imitar por parte desta criança que aqui viveu os seus últimos momentos”, conclui o capelão.