11 mai, 2017 - 11:22 • Cristina Nascimento
A noite não está convidativa. Chove e faz algum frio, mas o estado do tempo pouco importa para as já muitas centenas de peregrinos que se reúnem na Capelinha das Aparições, em Fátima, para a procissão das velas.
Reza-se o terço em várias línguas, sinal de que estão presentes vários grupos internacionais. Há chineses, franceses, filipinos, entre muitos outros. E também há os que vêm do Líbano.
“Viemos por causa do Centenário das Aparições, na altura em que fizemos a reserva da viagem nem se sabia que o Papa vinha a Fátima”, conta Joset, que viajou com a irmã até à Cova da Iria. “Mas ficámos muito contentes com a oportunidade de ver o Papa”, acrescenta Diane.
As duas irmãs não conseguem esconder a alegria de estar em Fátima. “Já fui a Lourdes [França], já fui a Medjugorje [Bósnia e Herzegovina], mas aqui é outra coisa. Aqui consegue-se sentir a presença da Virgem Maria mais do que noutros sítios”, garantem.
Diane está em Portugal pela primeira, mas Joset já é reincidente. “Vim há 10 anos, mas, desta vez, tem mais significado. Conheço melhor a mensagem de Fátima, a importância da Virgem. É algo fantástico”, diz.
Questionadas sobre a maioria muçulmana do seu país, as irmãs apressam-se a passar a mensagem de união em torno da Virgem Maria. “Todo o Líbano está dedicado à protecção da Virgem Maria, uma protecção invocada por cristãos e muçulmanos. Virgem Maria é uma fonte de união e não de divisão no país”, dizem. E lembram que há não muito tempo a Imagem Peregrina de Fátima esteve precisamente no Líbano.
Peregrinos precavidos
Bem mais de perto, Paulo e Isabel vêm de Torres Novas. Hoje vêm cá, assistiram à procissão, mas a viagem foi sobretudo para preparar a vinda a 12 de Maio.
“Viemos agora cá hoje comprar as velas para, depois, na sexta-feira, ser mais fácil chegarmos ao recinto e ocuparmos a nossa posição. Deixamos cá um carro. Na sexta-feira vimos a pé, assistimos à procissão das velas e já temos aqui o carro para ir embora”, explicam.
O casal conta que faz assim todos os anos. “Este ano é especial por causa da Papa mas é sempre muito bom”, dizem.
Fátima e Aníbal não precisam de tanta organização. Têm uma casa mesmo por trás do Santuário, embora não vivam lá permanentemente
“Estamos emigrados em Paris há 50 anos. Viemos especialmente este ano porque é o centenário, mas vimos frequentemente porque somos nascidos em Fátima”, diz com orgulho o casal.
Da Irlanda para Fátima
De volta aos peregrinos internacionais, Margaret faz parte de um grupo de 50 irlandeses. Saiu da Capelinha das Aparições, depois de ter rezado o terço e antes de começar a procissão das velas. “Estou magoada no pé, não consigo acompanhar”, explica.
Esta peregrina irlandesa já tinha vindo a Portugal de férias com a famílias, a vinda a Fátima é uma estreia.
“No Natal, um amigo disse-me que vinha a Fátima. Eu disse-lhe que gostava de vir a um sítio onde nunca tivesse estado e por isso vim”, explica.
Tal como as irmãs libanesas, Margaret garante que há algo de especial na Cova da Iria. “É muito espiritual. Nunca cá tinha estado. Já fui a Medjugorje e Lourdes e estou a gostar muito de Fátima”, diz. “Adoro Lourdes, mas aqui é menos comercial."
A procissão das velas já acabou, mas ainda falamos com mais uma peregrina. Margarida é de Vila de Conde, mas está em Portugal de férias. “Sou missionária no interior de São Paulo. Estou cá de férias mas aproveitei para viver este momento da visita do Papa”, explica.
De rosto sereno, Margarida, pertencente à comunidade Canção Nova, diz que actualmente também trabalha num santuário.
“Eu estava lá quando saiu a noticia de que a criança miraculada era brasileira e toda a gente queria saber quem era. Esses detalhes ainda não foram divulgados, mas os brasileiros ficaram muito felizes por saberem disso”, descreve.