18 jan, 2019 - 15:35 • Marina Pimentel com Eduardo Soares da Silva
Francisco Teixeira da Mota, um dos advogados do "hacker" português Rui Pinto, esclareceu que a detenção e o mandado de extradição do português estão relacionados "exclusivamente com a Doyen" e em nada está relacionado com o caso dos e-mails do Benfica.
Em declarações à Renascença esta sexta-feira, o representante jurídico do "hacker" luso detido em solo húngaro deixou claro o motivo da detenção.
"Tem a ver exclusivamente com a Doyen e não está relacionado com os e-mails do Benfica, nem nada extraído de outros computadores. É importante dizer isto. Não quer dizer que não existam outros processos, mas este mandado, se a extradição se consumar, é exclusivamente sobre a Doyen".
Rui Pinto aguarda a decisão da justiça húngara em relação ao pedido de extradição para Portugal em prisão domiciliária. O advogado do "whistleblower" português acredita que a decisão será rápida: "Ele foi ouvido, e como se opôs à extradição, está a decorrer esse processo. Foi preciso definir a sua situação, e essa decisão foi a prisão domiciliária e não efetiva".
"São processos muito rápidos, pois são uma forma de fazer funcionar a justiça em termos de cooperação. Espero que em dois ou três dias seja resolvida a questão, dado que não se trata de algo muito complexo e não será preciso muita análise", adicionou o advogado português.
A defesa do "whistleblower" português
Francisco Teixeira da Mota justificou ainda as ações do português como "whistleblowing" (delação), sob o argumento de que o seu cliente quis "denunciar as atividades ilegais que se passam nas nossas costas".
"O senhor Rui Pinto, no aspeto da sua divulgação no caso do 'Football Leaks', quis sempre divulgar as atividades ilegais e ilícitas. Sem ele, não seriam conhecidas as investigações criminais que decorrem em vários países. O seu acesso ilegítimo, numa sociedade de informação complexa como esta, pretende mostrar os bastidores do que se passa nas nossas costas".
Rui Pinto foi detido na quarta-feira, na Hungria, no âmbito da "Operação Cyberduna" da Procuradoria-Geral da República. Em causa os crimes de extorsão qualificada na forma tentada, acesso ilegítimo, ofensa a pessoa coletiva e violação de segredo.