03 jun, 2019 - 16:13
O ex-jogador de futebol, e internacional português, Maniche, saiu em defesa dos adeptos, elencando entre os problemas do futebol português o preço dos bilhetes e os horários dos jogos.
“Os bilhetes estão altíssimos, os horários dos jogos extremamente tardios e as pessoas têm medo de levar os filhos ao futebol”, lamentou.
Maniche falava durante a I Conferência Bola Branca, que decorre durante esta segunda-feira no auditório da Renascença, em Lisboa.
O jogador participava num painel juntamente com outros dois ex-jogadores, Marco Caneira e Nuno Gomes, mas fez questão de dizer que estava presente sobretudo como “pessoa preocupada com o futebol atual”, e queixou-se que em Portugal “os clubes têm uma estratégia muito bem montada, mas pouca valorização de futebol”.
Nuno Gomes mostrou estar em concordância com Maniche, dizendo que atualmente as famílias preferem fazer outras atividades em vez de ir ao futebol, porque os jogos terminam tarde e é demasiado caro. "Basta calendarizar com mais antecedência os jogos, permitindo às famílias organizar a sua vida".
Já Marco Caneira apontou armas à falta de competitividade e diz que o problema do futebol português só se resolve quando os três grandes abrirem o seu capital social, atraindo investidores, como acontece no campeonato inglês, mas Nuno Gomes advertiu para o cuidado a ter nesse campo.
“A questão de abrirmos os grandes clubes a grandes investidores é complicada. Temos de perceber qual será a estratégia. Vão olhar para a formação? Os ingleses, por exemplo, estão a melhorar a formação, têm apostado, mas há investidores nos clubes grandes”, diz.
Críticas aos programas de comentadores
Os três jogadores convergiram nas críticas aos programas de comentários ao futebol que existem em diversos canais de televisão, dizendo que nem tudo vale para conseguir audiências.
“As estratégias de comunicação estão tóxicas, roçam a má educação. Alguns diretores são autênticas ‘superstars’ nas redes sociais, e isso afasta as pessoas do estádio. Na Holanda, muitos ex-jogadores estão na comunicação social a valorizar o futebol, assim como em Espanha, ou França”, considera Maniche.
Já Caneira é da opinião de que “não podemos ter pessoas a comentar, com pessoas sem sensibilidade do que é um relvado, um balneário, e que emitam opiniões sem fundamento só pela questão das audiências”.
Nuno Gomes coloca a culpa no fanatismo que ultrapassa a preocupação sobre a própria saúde da indústria. “As pessoas querem que os seus clubes ganhem, a todo o custo, não interessa como, o que permite que estes programas ganhem protagonismo, e tudo afasta pessoas do estádio”.
A Conferência Bola Branca juntou no auditório da Renascença, ao longo do dia, dezenas de dirigentes, atletas e ex-atletas e outras figuras de topo do futebol português.