07 ago, 2019 - 14:36 • Tiago Palma
De um lado um cartaz do PS, com o rosto do primeiro-ministro António Costa, e uma hashtag que garante #Cumprimos e o que os socialistas consideram ser algumas das conquistas desta legislatura, como "mais emprego", “menos precariedade”, “350.000 novos empregos”, “89% de contratos sem termo”. Do outro, um cartaz do Iniciativa Liberal (IL), partido de centro-direita fundado em 2017 e que este ano concorre pela primeira vez às legislativas.
À primeira vista, os dois cartazes podiam confundir-se. Só que no caso do IL, e apesar de o grafismo ser em tudo semelhante ao do cartaz do PS, António Costa não aparece. Em vez dele, e em contraponto às ditas conquistas do PS, o partido substitui #Cumprimos por #Com Primos e, logo abaixo, "E outros familiares no Governo", numa referência implícita ao caso "familygate" e às notícias que têm surgido sobre ligações familiares no Governo.
Logo abaixo no cartaz, o Iniciativa Liberal enumera o que considera sinais da má governação socialista na última legislatura: “539.921 hectares de área ardida em 2017”, “2.600 doentes morreram em lista de espera em 2016”, “mais de seis mil milhões em impostos cobrados”.
Num comunicado enviado às redações esta quarta-feira, o líder do Iniciativa Liberal, o economista Carlos Guimarães Pinto, de 36 anos, explica que, ao afixar o cartaz, o partido “cumpriu a sua obrigação de fazer oposição”. E explica: “Como novo partido temos alguma dificuldade em fazê-lo por outros meios, pelo que o fazemos num dos únicos meios onde podemos: na rua.”
Oposição "irreverente" mas não inédita
Guimarães Pinto garante que “é este o espírito de combatividade que queremos levar para o Parlamento”, se o Iniciativa Liberal eleger algum deputado nas Legislativas de outubro. O partido irá apresentar listas em todos os círculos eleitorais.
Esta oposição através da afixação de cartazes – que o Iniciativa Liberal define como “irreverente” – não é, contudo, novidade. No decorrer da campanha às Europeias, o IL já havia “corrigido” cartazes do CDS-PP e do Bloco de Esquerda.
No caso dos bloquistas, o jovem partido de Carlos Guimarães Pinto contrapôs a mensagem que afirmava “Saúde Pública é para todos, o privado é para alguns”, optando por defender “ADSE para todos, o privado não será só de alguns”.
Já no caso dos centristas, o Iniciativa Liberal recorreu a um cartaz com as fotografias de Assunção Cristas, Nuno Melo e Mota Soares e o slogan “Aproveitar bem o dinheiro da Europa” para elaborar um outro que dizia: “Um país menos dependente do dinheiro da Europa” – mensagem ladeada pelas fotografias de Carlos Guimarães Pinto, Ricardo Arroja e Catarina Maia, respetivamente o presidente do partido, o cabeça de lista e a número 2 da lista ao Parlamento Europeu.
No comunicado enviado às redações o partido afirma ter por missão “a defesa do indivíduo”, apresentando-se a eleições “na defesa das ideias liberais e da consolidação das mesmas a nível nacional”.