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Jerónimo de Sousa. "Participar no Governo para quê, para fazer que política?"

29 ago, 2019 - 18:37

Secretário-geral do PCP responsabiliza Governo PS pela ausência de respostas estruturais.

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O secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, defende que é necessário dar reposta a diversos problemas estruturais do país e reconheceu que é neste domínio que há grandes diferenças entre o PCP e o Governo do Partido Socialista.

"Desde o primeiro contacto que estabelecemos com o Partido Socialista que defendemos era preciso dar resposta aos problemas estruturais, do défice agroalimentar, défice demográfico, défice energético, da necessidade de investimento em serviços públicos essenciais, a pensar também nas regiões do interior", disse.

"Faltam respostas estruturais. E aqui começa a colisão e a diferença entre nós [PCP] e o Partido Socialista e os seus objetivos", acrescentou Jerónimo de Sousa, responsabilizando o Partido Socialista por não se ter ido mais longe na atual legislatura, tendo em vista a melhoria das condições de vida dos portugueses.

O dirigente do PCP, que falava aos jornalistas durante uma visita às praias da Arrábida, em Setúbal, reafirmou que uma eventual participação dos comunistas no Governo estaria sempre dependente do programa de Governo, advertindo que não há uma coincidência de prioridades entre socialistas e comunistas.

"Participar no governo para quê, para fazer que política", questionou, considerando que se trata de uma pergunta que tem de ser colocada, até pela recente aprovação da nova legislação laboral pelo PS, "com a bênção do PSD e do CDS", que disse ser muito penalizadora para as novas gerações de trabalhadores.

"Uma marca clara e inequívoca é esta legislação laboral aprovada pelo PS, com a bênção do PSD e do CDS, que tem uma natureza de classe muita clara, porque são alterações que visam retroceder no plano dos direitos. E queria sublinhar uma preocupação de fundo em relação aos jovens trabalhadores que, com estas alterações, são conduzidos para a máxima precariedade de diversas formas, com contratos a prazo, contratos a termo", disse.

Durante a vista que efetuou à praia da Figueirinha, uma das praias da Arrábida, utilizando os autocarros da empresa TST (Transportes Sul do Tejo), que asseguram as ligações entre Setúbal e as praias da Arrábida devido às restrições à circulação automóvel por questões de segurança, Jerónimo de Sousa disse ainda que nesta fase da pré-campanha eleitoral "não basta conhecer problemas, dificuldades, fazer críticas".

"Também é preciso mostrar os bons exemplos que existem, que é o caso concreto das praias da Arrábida, particularmente tendo em conta a grande e nova atualidade das questões ambientais e de defesa da natureza, aliada a outros direitos fundamentais, como, por exemplo, o direito à mobilidade e à segurança", disse Jerónimo de Sousa.

O líder comunista acrescentou que as restrições à circulação automóvel na Arrábida, no concelho de Setúbal, uma Câmara da CDU, podem parecer polémicas mas foram fundamentais para acabar com "o inferno que era com o bloqueio total, devido à quantidade de veículos, que dificultava muito o usufruto [das praias da Arrábida pelas pessoas]".

Jerónimo de Sousa afirmou ainda que os novos passes sociais intermodais, que também permitem o acesso às praias da Arrábida, constituem um "salto qualitativo" na mobilidade dos portugueses".

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