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Saúde marca divergência entre Rui Rio e Jerónimo de Sousa

12 set, 2019 - 22:46 • João Pedro Barros

PSD defende que, se os privados gerirem melhor, devem ter a seu cargo hospitais, comunistas só admitem presença “supletiva” no SNS. Tom do debate foi amistoso.

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O debate desta quinta-feira, na RTP, entre Rui Rio e Jerónimo de Sousa, foi de menor animosidade do que se esperava entre espectros políticos tão distantes – quem os ouvisse até pensaria que há muitos pontos de contacto entre os dois programas.

Os líderes de PSD e CDU sabem que os dois eleitorados não se tocam, por isso não houve grandes ataques – o ponto em que ambos apostaram em marcar mais as diferenças foi a saúde, mais concretamente a presença dos privados neste setor. Jerónimo não deixou passar em claro o facto de Rio falar de um “sistema nacional de saúde”.

“Para nós a saúde é um direito, tal como a Constituição da República o consagra. O que há é um serviço nacional de saúde. O PSD concorda que a saúde é uma área de negócio e não um direito”, afirmou o secretário-geral do PCP, que admitiu uma presença "supletiva" dos privados no setor.

Rui Rio contrapôs: “Nós entendemos que, se os privados são capazes de construir e/ou gerir um hospital com o mesmo orçamento, fazendo mais e melhor, porque hei-de dizer que não?”. Antes, tinha contrariado a afirmação do seu opositor: “O SNS é público e tem de continuar a ser público”.

35 vs. 40 horas em discussão

Em matéria laboral, Rui Rio voltou a manifestar-se contra a redução das 40 para as 35 horas, mas considerou que não é possível estar constantemente a mudar as regras do jogo. Por isso, o PSD vai lutar "para que o desenvolvimento económico possa levar essa redução também ao setor privado", mas não para já.

Em contrapartida, Jerónimo de Sousa lembrou a luta pelas 40 horas e apelidou as 35 horas de “avanço civilizacional”, concordando que é justo que privado e público partilhem a mesma carga horária.

Nesta área, o líder do PSD destacou uma proposta que ele próprio fez questão de introduzir no programa do partido e que passa por penalizar pela via fiscal empresas com grandes desigualdades salariais.

"Ter um diretor de topo por ano a ganhar um milhão de euros, como acontece, e em baixo as pessoas a ganhar 700 ou 800 euros, não faz sentido. Quando uma empresa se desenvolve têm todos de ganhar com isso", explicou o social-democrata.

As creches foram outro tema em discussão: houve concordância na importância de uma rede que cubra o território nacional, mas o PSD frisa que ela não deve ser “apenas pública.

No final, Jerónimo de Sousa não confirmou nem desmentiu uma próxima geringonça, como tem sido habitual em declarações sobre o assunto: “Há coisas que não são repetíveis, deixemos que o povo português decida qual a arrumação do Parlamento e acreditamos que vai ser de reforço da CDU”.

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