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Eleições no Facebook. "Estamos a bloquear uma média de um milhão de contas falsas por dia"

17 set, 2019 - 15:24 • Daniela Espírito Santo

O gestor de Divulgação Política e Governação do Facebook para a Europa esteve em Lisboa para falar de eleições a menos de três semanas das legislativas, mas pouco se sabe sobre a operação da rede social para o caso português.

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A Renascença esteve à conversa com Sean Evins, gestor de Divulgação Política e Governação do Facebook para a Europa, durante uma sessão de esclarecimentos sobre a proteção da integridade das eleições legislativas portuguesas na rede social.

À saída do encontro em Lisboa, tentámos perceber o que podemos esperar para as eleições portuguesas, apesar de não haver medidas concretas para o sufrágio luso.

Estão, de alguma forma, preocupados com as eleições portuguesas?

Acho que já demos muitos passos desde 2016 e conversámos um pouco sobre isso aqui, especialmente sobre os nossos esforços para dificultar a vida aos agentes mal intencionados e para combater contas e notícias falsas, enquanto promovemos a transparência na publicidade e contribuímos para um eleitorado mais informado.

Esses são os pilares em torno da segurança e integridade durante as eleições. Quer estejamos a um dia do sufrágio ou a um mês, isso é algo que levamos muito a sério em todo o mundo. Demos muitos passos para identificar alguns dos desafios que tivemos na plataforma [em 2016, nas presidenciais dos EUA] e temos sido muito transparentes acerca das soluções que temos, tanto a nível de automação e produto, quanto à forma como lidamos com os pedidos que nos chegam, dando mais transparência acerca das páginas e de quem está a gastar dinheiro [em publicidade no Facebook] antes de uma eleição.

Então não estão a preparar nenhuma operação especial focada nas eleições portuguesas?

A toda a hora há eleições um pouco por todo o mundo e nós somos uma empresa global. No que diz respeito à minha equipa, estamos aqui em Portugal a ter estas conversas [com os jornalistas] e estamos entusiasmados e felizes por estarmos cá e pela oportunidade de ter este tipo de conversas.

Temos uma abordagem mais holística na forma como resolvemos estes problemas, que podem ser domésticos ou internacionais. As medidas que estamos a tomar no que diz respeito à segurança e integridade durante processos eleitorais são algo que estamos a fazer de forma global e estão a dar frutos. Acho que estamos a caminhar na direção certa.

Há muitos agentes mal intencionados em Portugal que estejam a tentar interferir com as eleições legislativas de 6 de outubro?

Vamos focar-nos primeiro nos aspetos positivos. O que queremos mesmo garantir é que as pessoas têm a oportunidade de encontrar uma comunidade no Facebook e são capazes de participar em debates políticos robustos e discutir num ambiente seguro. Para que isso aconteça temos de garantir que estamos a fazer tudo o que podemos do ponto de vista da segurança e integridade eleitorais.

Divulgámos muitas das medidas que tomamos, incluindo algumas decisões e conversas muito difíceis que tivemos a nível interno. Acredito no progresso que fizemos, seja a combater contas falsas, a eliminar os incentivos a quem divulga notícias falsas e a promover a transparência em torno da publicidade, dando a oportunidade à comunidade do Facebook de tomar decisões informadas e denunciar. Esse é um passo importante.

Também salientámos o facto de termos agora mais de 30 mil pessoas espalhadas pelo mundo a olhar para essas denúncias e a dificultar a vida a agentes mal intencionados. Acho que estes processos nos têm dado uma visão bastante holística de tudo isto.

Dessas 30 mil pessoas, quantas falam português ou estão diretamente envolvidas no processo eleitoral português?

Tendo em conta que o português é um dos idiomas suportados pelo Facebook, é óbvio que temos pessoas que a falam, mas é importante perceber que usamos o sistema 'follow-the-sun' [onde o trabalho é distribuído pelas equipas espalhadas pelo mundo, de acordo com o horário normal de trabalho], pelo que usamos uma abordagem mais global. É importante que as equipas, em várias partes diferentes do planeta, consigam ser capazes de resolver problemas recorrentes de forma consistente.

O que aprendeu com anteriores eleições?

A lista é longa. Para começar, vemos o Facebook como um bom lugar para as pessoas encontrarem a sua comunidade política e terem boas conversas, discussões difíceis sobre assuntos antes de uma eleição e sobre o assuntos políticos que realmente lhes interessam. Não há falta de opiniões sobre isso.

Acho que também aprendemos que fomos muito lentos a reagir em 2016 e fizemos avanços tremendos para recuperar o tempo perdido. Posso dizer-vos sem equívocos que é algo em que focámos enquanto empresa nos últimos anos.

Então a transparência é o vosso maior problema neste momento?

A categoria mais ampla para isto é a integridade eleitoral. A transparência é uma componente dessa segurança eleitoral que assume várias formas diferentes. É algo que nos importa muito e estamos a dar muitos passos para garantir que acertamos.

Quantas contas de Facebook são removidas por dia?

Publicámos essa informação num relatório de transparência, mas os nossos sistemas automáticos estão a bloquear uma média de um milhão de contas falsas todos os dias, antes de as mesmas serem sequer criadas.

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