26 set, 2019 - 12:39 • Susana Madureira Martins
A caravana socialista está na rua, esta quinta-feira passou por Moscavide para uma tradicional passeata na rua do comércio e foi aí que Eduardo Ferro Rodrigues falou brevemente com a Renascença sobre o caso Tancos e as implicações que pode ter na campanha do PS.
O presidente da Assembleia da República, que é candidato a deputado pelo círculo eleitoral de Lisboa, defende que o secretário-geral do partido não será em caso algum beliscado pelo processo que corre nos tribunais, independentemente do teor da acusação.
Ferro Rodrigues considera que "a campanha vai continuar a desenrolar-se normalmente e com este apoio popular que é o fundamental", acrescentando que "quando este apoio popular se transforma em apoio nas urnas os resultados ficam à vista".
Aliás, o candidato a deputado considera que esta é uma questão que já está ultrapassada" e que não tem "grande sentido colocar essa questão na campanha", dizendo-se "de acordo com o Presidente da República". E estar de acordo com Marcelo Rebelo de Sousa é o quê? Significa "que não deve haver conversa sobre esse assunto, é um assunto que está nos tribunais e que tem de ser resolvido nos tribunais".
Questionado sobre o incómodo de Marcelo que, no início da semana e à margem da Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova Iorque, sentiu necessidade de dizer que "é bom que fique bem claro" que "não é criminoso", Ferro diz que não consegue "reconhecer o grau de incómodo do Presidente, agora ele estava fora do país e reagiu como achou que devia reagir". Reagiu como? "Reagiu bem", defende o presidente do parlamento.
Descontraído durante a passeata em Moscavide e sempre ao lado do líder do partido, Ferro Rodrigues disse ainda à Renascença que "a campanha está muito animada, o PS vai ganhar e vai ter condições para formar governo e continuar o trabalho que tem feito até agora".
A maioria absoluta continua a ser tabú na linguagem dos socialistas, com o Presidente do Parlamento a considerar que "essa questão não se coloca, a questão fundamental não é entre uma maioria absoluta ou uma maioria relativa, a questão é haver condições para que o PS governe sem crises políticas".
Há dias no comício de arranque oficial da campanha, em Lisboa, Ferro Rodrigues sentiu necessidade de aliviar a tensão do debate à esquerda, sobretudo entre Catarina Martins, líder do Bloco de Esquerda e o líder do PS, António Costa. O ex-secretário geral do partido considera que é "normal" haver "excessos, mas também não é a primeira vez que há excessos e depois das eleições fazem-se as contas e resolvem-se os problemas", mantendo assim uma ponte pós-eleitoral com os até agora parceiros de esquerda.