28 set, 2019 - 15:14 • Susana Madureira Martins
Publicamente, António Costa mantém a recusa de falar sobre o caso de Tancos e o ex-ministro Azeredo Lopes, colocando a sua própria defesa pessoal e de carácter nas mãos de lugares-tenente, como aconteceu esta sexta-feira à noite no comício de Viana do Castelo, com o autarca Miguel Alves.
Este sábado, em Famalicão, o assunto foi olimpicamente ignorado e, pela manhã, o líder do PS cancelou todas as acções de campanha de rua - em Braga e Cabeceiras de Basto - devido a dores nas costas que o incomodam há vários dias e o levaram ao hospital. Isso tornou, de novo, impossível confrontar Costa com o processo e as questões levantadas pelos partidos da oposição.
À noite está previsto um novo comício ao ar livre no centro de Guimarães e prevê-se que aí o secretário-geral se mantenha em silêncio sobre o assunto e deixe para o presidente do partido, Carlos César, o grosso dos ataques a Rui Rio e ao PSD, bem como ao CDS de Assunção Cristas.
No almoço-comício de Famalicão, Costa discursou de pé, como é de resto hábito, com um banco de pé alto atrás para o caso de ter de sentar-se. Discurso curto a pedir que no próximo domingo "ninguém se fie nas sondagens" e que "o que conta mesmo são os votinhos com a cruz posta à frente do símbolo da mãozinha do PS".
Costa mostra-se contente com os quatro anos de crescimento económico, mas agora sobe a fasquia e tem a ambição de "não só voltar a ter quatro anos acima da média europeia", mas a "ambição de ter uma década de convergência acima da União Europeia".
Com o líder socialista a aproveitar ainda para dar um "chega para lá" aos parceiros de esquerda - referindo que o Governo mostrou, quatro anos depois, "que não foi preciso sair do euro para romper a austeridade, nem era preciso manter a austeridade para o país se manter no euro" -, tratou-se mesmo, segundo o líder do PS, "de uma aposta contra todos e contra tudo".
Um mandatário para os pastores, outro para os pescadores e mais um para o vinho verde
O almoço-comício em Famalicão foi marcado por um momento pouco usual. O nunca muito discreto presidente da federação do PS de Braga, Joaquim Barreto, apresentou os 30 mandatários do partido no distrito.
O candidato a deputado chamou-os todos ao palco e provocou gargalhadas, mesmo junto da direcção da campanha, quando foi apresentada a mandatária para os pastores, um mandatário para os pescadores, outro para o vinho verde e outro para o "setor do estilo de vida saudável".