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Jerónimo pede satisfações a Centeno "das contas certas" sobre 600 ME fugidos para "offshores"

03 out, 2019 - 02:40 • Lusa

Tivesse sido aprovada a proposta que o PCP, "que foi rejeitada por PS, PSD e CDS, e esse dinheiro cá teria ficado para reforçar o financiamento dos serviços públicos", afirma o líder comunista.

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O líder comunista pediu na quarta-feira satisfações ao ministro "das contas certas", Mário Centeno, sobre a fuga de mais de 600 milhões de euros de IRC em virtude de transferências das empresas multinacionais para paraísos fiscais ("offshore").

"Foi hoje notícia que mais de 600 milhões de euros de lucros saíram do país para paraísos fiscais, sem serem tributados. Pois? Não se ouviu, mas era importante ouvir o ministro das contas certas explicar aos portugueses como é que isto foi possível: 600 milhões ganhos aqui e que voaram para o estrangeiro", indignou-se Jerónimo de Sousa.

O secretário-geral do PCP discursava num comício noturno no Fórum Municipal Luísa Todi, em Setúbal, pequeno de mais para albergar os interessados em ouvi-lo. Foram algumas dezenas as pessoas que se viram impedidas de entrar no recinto por razões de segurança, uma vez que a lotação de 597 lugares foi ultrapassada para mais de 600 espetadores do evento CDU.

O Jornal de Negócios noticiou hoje um estudo internacional segundo o qual, em 2016, o Estado português perdeu 630 milhões de euros em receitas de IRC, cerca de 11% do total arrecadado, num bolo estimado de 2,9 mil milhões de euros transferidos por multinacionais para "offshore".

"Parece que alguns acordaram hoje para o problema. Tivesse sido aprovada a proposta que o PCP tem apresentado [no parlamento] e que foi rejeitada por PS, PSD e CDS, e esse dinheiro cá teria ficado para reforçar o financiamento dos serviços públicos, para investir na saúde, para dar resposta aos problemas dos trabalhadores e do povo", lamentou.

Segundo Jerónimo de Sousa, "Portugal não está condenado a ficar para trás, nem a andar para trás" e "é possível e necessário realizar outra política e avançar".

"Podia ter-se ido mais longe? Sim, podia, se o PS não partilhasse como o PSD e o CDS algumas opções estruturantes que têm marcado a política de direita, nomeadamente se não estivesse comprometido com os interesses do grande capital e se não pusesse à frente da resposta aos problemas nacionais as regras e imposições da União Europeia e do Euro", argumentou.

Finalmente, o líder comunista voltou a apelar ao voto na CDU nas eleições legislativas de domingo, atirando em todas as direções.

"A quem nunca votou na CDU, a todos aqueles que hesitam ainda sobre o voto certo, a todos os que, tendo votado antes noutros partidos, nos dão razão, a todos aqueles que, não estando de acordo connosco em tudo, sabem que esta é uma força que cumpre o que diz, a todos aqueles que nunca votaram porque pensam que o seu voto não resolve e àqueles que sempre votaram CDU e sabem que o seu voto nunca foi traído".

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