27 set, 2019 - 13:00 • Rui Barros
Se as eleições fossem hoje, o Partido Socialista venceria com 39%. É o valor estimado pelo modelo estatístico da Renascença que, agregando várias sondagens, procura filtrar o ruído estatístico para estimar o verdadeiro valor da opinião pública ao longo do tempo.
Segundo o modelo, disponível a partir desta sexta-feira num interativo da Renascença atualizado diariamente, o Partido Socialista mantém-se na frente, seguido pelo PSD que teria, a pouco mais de uma semana das eleições, cerca de 24.1%. Bloco de Esquerda seria a terceira força política, com 9,7%,seguido de CDU (7%), CDS-PP (5,1%) e PAN (3.9%).
Apesar da distância de 15 pontos percentuais entre os dois maiores partidos, o PSD tem vindo a recuperar depois de, a 18 de agosto, ter atingindo o valor mais baixo dos últimos dois anos. Desde então o algoritmo de previsão de resultados tem mostrado uma subida para o PSD.
Na base deste algoritmo - desenvolvido originalmente no projecto POPSTAR (Public Opinion and Sentiment Tracking, Analysis, and Research) e implementado para as legislativas deste ano pela Renascença - está a ideia de que é possível, fazendo uma espécie de "sondagem das sondagens", filtrar o ruído estatístico das sondagens de forma a poder estimar, de forma mais exata, o valor real da opinião pública.
“O principal problema de uma sondagem normal é a amostra ser pequena. Mas, se pensarmos bem, se tivermos dez sondagens, cada uma a 500 pessoas, temos uma grande sondagem de 5 mil pessoas. Precisamos é de uma forma inteligente de juntar isso tudo para tentar reduzir as margens de erro elevadas”, explica Luís Aguiar-Conraria, investigador e professor da escola de Economia e Gestão da Universidade do Minho que colaborou com a Renascença para implementar este algoritmo.
Com este método, a Renascença assume que variações bruscas nas sondagens devem-se a variâncias naturais resultantes das amostras, mas que tendências em várias sondagens são sinónimo de subida/descida na intenção de voto.
Previsão? “Não se faz uma boa omelete com ovos estragados”
A página lançada esta sexta-feira permite ao leitor perceber a evolução da tendência de voto ao longo dos últimos dois anos. O algoritmo, que recorreu aos valores de 47 sondagens feitas nos últimos dois anos, vai tentar chegar ao valor das intenções de voto todos os dias, recorrendo, sempre que possível, às mais recentes sondagens.
Significa isso que vamos prever o resultado eleitoral de dia 6 de outubro? “O que prometemos é que agregamos toda a informação disponível nas sondagens da melhor forma possível. Agora se as sondagens estiverem sistematicamente enviesadas, isto que estamos a fazer também vai ser”, lembra o professor universitário.
“Se fizermos uma omelete com ovos estragados, por melhor que seja o cozinheiro, a omelete vai estar estragada. E aqui aplica-se o mesmo princípio.O que podemos garantir é que, do ponto de vista estatístico, esta é uma das melhores formas de agregar as sondagens”, garante.