13 fev, 2018 - 10:36 • João Carlos Malta
Nestes Jogos Olímpicos de Inverno, na Coreia do Sul, a Rússia não estará no quadro de honra dos países com mais medalhas, mas não nos podemos surpreender de ver russos a subirem ao pódio para receber o bronze, a prata e o ouro.
Em Pyeongchang, os atletas olímpicos russos não são atletas olímpicos russos. Em vez disso, são "atletas olímpicos da Rússia"- AOR. Os atletas, comentadores e espetadores estão ainda a lutar para processar e implantar esta terminologia que se torna tão estranha.
O eufemismo é resultado de um longo processo que conduziu o país a ser banido desta competição.
No final de 2014, um documentário alemão implicou a Rússia num escândalo de doping desportivo que foi descrito como sistémico e de longo prazo, e como tendo o aval do estado russo.
Em 2016, um denunciante russo fez novas acusações de doping generalizado, o que levou o Serviço Federal de Segurança (FSB) a ser acusado de adulterar uma grande quantidade de amostras de urina. A mesma fonte forneceu dados que indiciavam que até um terço das medalhas que a Rússia conquistou nos Jogos Sochi de 2014 teriam sido conseguidas devido a doping.
Após os relatórios e investigações, o Comité Olímpico Internacional anunciou em Dezembro de 2017 que a Rússia seria suspensa das Olimpíadas de Inverno de 2018.
Como resolver uma aparente injustiça?
Centenas de atletas russos foram afetados pela proibição, incluindo muitos que não haviam sido diretamente implicados, mas que, no entanto, foram abrangidos pelas consequências do esquema de doping.
Esta decisão pareceu injusta e o Comité Olímpico Internacional (COI) criou uma solução: os atletas russos que nunca tiveram resultados positivos para substâncias que melhoraram o desempenho poderiam competir em Pyeongchang, mas não sob a bandeira russa.
Em vez disso, eles deviam formar uma entidade inteiramente nova e totalmente temporária: atletas olímpicos da Rússia. O COI até inventou um logotipo como substituto para os emblemas nacionais que os atletas foram proibidos de usar.
Na Coreia do Sul estão 169 atletas russos que competem, tornando-os a terceira maior equipa do evento, só superado pelos EUA e do Canadá. Entretanto, o patinador Semen Elistratov, o primeiro medalhado russo, dedicou a medalha de bronze aos compatriotas bancos da competição.
"Eu acredito que é parte desta competição desleal, porque se a luta for justa, os norte-americanos já não nos podem vencer. Os EUA acreditam que voltarem a ter e depois preservar o título incontestado do líder do desporto global exige gradualmente a marginalização desta competição”, afirma o ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Sergei Lavrov.