A histórica vila de Maaloula, nos arredores de Damasco, esteve ocupada durante várias horas por forças da oposição ao regime de Bashar al-Assad.
Maaloula é uma vila cristã e uma das poucas onde ainda se fala a língua de Jesus Cristo, o aramaico.
A ocupação teve início na quarta-feira, quando rebeldes destruíram um posto de controlo à entrada da vila, matando soldados e membros da milícia pró-regime. Imagens divulgadas na Internet mostram os rebeldes a festejar no centro da vila, que é maioritariamente cristã.
A ocupação motivou a consternação dos cristãos na Síria e a nível internacional, uma vez que, pelo menos, um dos grupos de rebeldes que entrou em Maaloula é islamista. Contudo, uma residente contactada pela agência Reuters explicou que os combatentes não atingiram as muitas igrejas nem as casas dos residentes. Outro vídeo colocado na Internet mostra um comandante rebelde a dar ordens aos seus homens para não molestarem os cristãos nem os seus símbolos.
Após algumas horas, os rebeldes abandonaram a vila. Segundo um membro da oposição, a intenção nunca foi ocupar Maaloula, mas sim silenciar o posto de controlo, que tinha estado a disparar sobre posições rebeldes nas montanhas próximas: “Esse posto de controlo tinha estado a atingir as nossas posições ao há alguns dias. Foi silenciado. Nunca tivemos intenção de permanecer em Maaloula”.
Damasco, contudo, está a apresentar a reocupação da vila como uma vitória, anunciando, na sua agência oficial, que “uma unidade militar eliminou membros de um grupo terrorista a nordeste de Maaloula, destruindo as ferramentas que utilizavam nos seus crimes”.
Segundo a testemunha contactada pela Reuters, houve, após a retirada dos rebeldes, troca de tiros entre membros da milícia pró-regime e os militares do exército sírio, decorrentes de discussões e troca de acusações sobre a responsabilidade pelas mortes no posto de controlo.
O episódio da ocupação de Maaloula realça a delicada posição dos cristãos na Síria. Embora a comunidade se tenha mantido bastante à margem dos combates, uma boa parte dos cristãos não esconde a sua preferência por um regime que, durante anos, permitiu que vivessem em paz e com liberdade religiosa, temendo o que poderá acontecer se os rebeldes, entre os quais há um importante contingente islamista, ocuparem o poder.
Em vários pontos do território dominados por rebeldes, já houve casos de perseguição aos cristãos, incluindo a destruição de igrejas, massacres, raptos e execuções.