16 out, 2013 - 07:23
Assinala-se esta quarta-feira o Dia Mundial da Alimentação com o alerta de que 842 milhões de pessoas passam fome no mundo e mais dois mil milhões têm deficiências nutritivas.
"Uma em cada oito pessoas no mundo passa fome", lamenta o representante da agência das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) em Lisboa, Hélder Muteia, em entrevista à agência Lusa.
O também representante da FAo junto da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) acrescenta que todos os anos morrem 2,5 milhões de crianças com fome e dois mil milhões de pessoas não dispõem de vitaminas e minerais suficientes para uma vida saudável.
Por outro lado, 1,4 mil milhões de pessoas vivem actualmente com excesso de peso, dos quais quase 500 milhões sofrem de obesidade, o que acarreta ameaças de doenças cardiovasculares e diabetes.
Todos os anos, são gastos 3,5 biliões de dólares em saúde, 500 por pessoa - dinheiro que poderia ser poupado se estivesse garantida uma alimentação saudável para todos.
"Teríamos menos gente a ir aos hospitais e mais qualidade de vida, logo maior capacidade produtiva", conclui Hélder Muteia.
Por isso, o lema do Dia Mundial da Alimentação deste ano é "Pessoas saudáveis dependem de sistemas alimentares saudáveis".
O responsável da FAO acredita que hoje, num momento em que os padrões de consumo e de produção "estão, de certa forma, a pôr em risco a base de recursos que garante a vida no planeta", em que a água começa a escassear e há cada vez mais desflorestação e degradação dos solos, é preciso "fazer uma mudança de paradigma".
Hélder Muteia acredita que a erradicação da fome é possível, mas "depende muito de políticas públicas e lideranças fortes".
Recordando que 98% das pessoas que passam fome estão nos países em desenvolvimento, Muteia explica que a situação dos países desenvolvidos prova que é possível acabar com a fome: "Se há países onde apenas um ou dois por cento passam fome, é possível, com políticas públicas, com maior coordenação internacional, garantir alimentação para os mais vulneráveis".