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“Podemos ser mortos a qualquer instante”, diz Patriarca sírio

23 out, 2013 - 13:20 • AIS

Gregório III, da Igreja Melquita, explica que os cristãos “são vistos como um elemento fraco” e por isso têm sido tão sujeitos a sequestros e extorsões financeiras.  

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É cada vez mais grave a situação dos cristãos na Síria. O Patriarca Gregório III, da Igreja Melquita, sublinha que “muitos dos nossos sacerdotes, parentes e amigos foram sequestrados”.

O medo, diz, está instalado em todo o lado. “Pode-se pensar que é seguro aqui ou inseguro ali, mas, a qualquer momento, qualquer pessoa pode ser morta por uma bomba, míssil ou uma bala, para não falar do risco de ser sequestrado ou tomado como reféns para o resgate, ou assassinado”.

Falando no início da semana na Catedral de Westminster, em Londres, a propósito do relatório “Perseguidos e Esquecidos?”, sobre a perseguição aos Cristãos e da responsabilidade do escritório britânico da Fundação AIS, Gregório III diz que a Síria “está a experimentar um caminho longo, sangrento, estendendo-se ao longo de todas as estradas do país”.

Para este líder da Igreja Melquita, uma igreja católica de rito oriental, os cristãos “são vistos como um elemento fraco” e por isso têm sido tão sujeitos a sequestros e extorsões financeiras.

“Seis Cristãos foram sequestrados desde 4 de Setembro e ninguém sabe onde estão”. Uma das principais consequências da guerra civil e do clima de medo que se instalou entre a comunidade é o facto de cerca de “450 mil cristãos tenham deixado a Síria ou estarem deslocados internamente”.

Para o Patriarca Gregório III, a pior ameaça aos Cristãos vem dos grupos radicais islamitas, que combatem ao lado dos rebeldes.

As comunidades cristãs são agora obrigadas a pagar uma espécie de imposto para não serem sujeitos a ataques. Apesar disso, continuam os atentados contra igrejas e casas e propriedades dos cristãos, como se verificou na antiga igreja de Yabroud, alvo de ataques em 27 de Setembro e a 6 de Outubro.

Noutro episódio, em Maaloula, no mês passado, islamitas tentaram forçar os cristãos a converterem-se ao islamismo. Há relatos de execuções sumárias de alguns que se recusaram a abandonar a fé.

Muitos habitantes fugiram com medo de represálias e há algumas pessoas de quem ainda se desconhece o paradeiro.

Gregório III fez questão, porém, de afirmar que o país vivia em harmonia religiosa antes da eclosão da guerra civil e que muitos muçulmanos também têm sofrido, tal como os cristãos, com a violência perpetrada pelos grupos radicais. Para o Patriarca, “a maioria dos jihadistas veio de fora da Síria”.

Durante a apresentação do relatório, falou ainda a Irmã Hanan, das Irmãs do Bom Pastor, congregação que está a trabalhar com refugiados sírios no Líbano, especialmente “mulheres e crianças que foram feridas pelas circunstâncias da vida”. A Irmã agradeceu “o apoio generoso” dado pelos “benfeitores da Fundação AIS”.
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