O atentado contra a sede do jornal satírico "Charlie Hebdo" domina as capas e os editoriais de todos os jornais e sites de referência em França, e em grande parte do mundo.
Em toda a comunicação lêem-se notas de solidariedade para com os jornalistas assassinados e a publicação que viu a sua redacção massacrada por um comando de três jihadistas que fizeram 12 mortos e 11 feridos, quatro dos quais em estado grave.
Sob o título de "
Charlie Hebdo Viverá", o "Libération" recorda um por um os assassinados, com uma breve descrição das suas qualidades, antes de afirmar: "Acaso eles mataram o Charlie? Não. Falharam o tiro. Charlie viverá, graças aos seus leitores, Charlie viverá em espírito, através de todos nós. Nós somos todos Charlie."
O "Libération" junta-se a vários outros que oferecem os seus meios e as suas instalações para que o jornal satírico possa continuar a existir e a ser editado.
O "L’Express" considera, num editorial gravado em vídeo, que este
não é um atentado como os outros: "Não por ter atingido jornalistas, uma redacção, mas porque atingiu o próprio símbolo da liberdade de expressão". Christopher Barbier considera que este ataque exige uma "solidariedade republicana para além da emoção".
O "Le Figaro" é o único dos principais jornais franceses a usar o termo "guerra". Com o título "
Quando a guerra chega, há que ganhá-la", o jornal admite que é essa a realidade que existe neste momento entre os valores das sociedades ocidentais e do fundamentalismo islâmico, que está, muitas vezes, dentro de portas.
O jornal pede uma resposta conjunta e "sem fraquezas" contra o terrorismo e diz: "Esta é uma guerra, uma verdadeira guerra, travada não por soldados mas por assassinos das sombras, assassinos metódicos e organizados, com selvajaria e sangue frio. Ontem, voltaram a matar em Paris."
Por fim, o diário católico "La Croix" fala de uma "enorme tristeza", pede uma grande "
coesão contra o terrorismo" e diz que "os jornalistas não gozam de um estatuto especial diante da morte, mas atacar os media, a liberdade de informação, é negar uma sociedade de debate e de pluralismo, é atacar as próprias fundações da democracia".
Charlie, Charlie, Charlie
O atentado marca as capas de todos os principais diários do mundo ocidental. Muitos jornais escolheram como imagem o momento em que um dos assassinos aponta a arma à cabeça de um polícia, já ferido, cujos braços estão levantados em defesa. O polícia foi morto com um tiro à queima-roupa.
Um jornal alemão, o "B.Z.", de Berlim, tem como manchete a expressão francesa: "Vive la Liberté", e ilustra a primeira página inteiramente com as capas de edições antigas do Charlie Hebdo, incluindo a famosa edição especial dedicada às caricaturas de Maomé.
Por Portugal, o "Diário de Notícias" optou por uma ilustração de André Carrilho para a capa (
veja em PDF), em homenagem aos cartoonistas assassinados. Um lápis brota da terra e está em sangue, devido ao atentado, mas por baixo da terra mantém raízes fortes. Para título: “Somos todos Charlie”.
Às 01h00 o jornal “Público” ainda não tinha divulgado a capa da sua edição de quinta-feira, mas as contas das redes sociais do diário "pintaram-se" de negro e incluíram a frase "Je Suis Charlie", que se tornou o lema das manifestações de solidariedade para com o jornal atingido.
O “i” escolheu uma abordagem diferente.
No seu site o logo do jornal aparece cheio de marcas de tiros.