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Está despedido, señor Trump, dizem milhões de latinos

03 jul, 2015 - 06:00 • Carlos Calaveiras (texto) e Inês Rocha (vídeo)

É um dos homens mais ricos dos Estados Unidos e sonha ser Presidente. Mas declarações sobre imigração já irritaram televisões, Nicolas Maduro e a comunidade hispânica.

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O multimilionário Donald Trump quer ser Presidente dos Estados Unidos, mas declarações polémicas do milionário contra imigrantes mexicanos, no dia em que lançou a sua candidatura à Casa Branca, ainda não arrefeceram.

Muitas empresas suspenderam negócios com o empresário norte-americano, mas Trump já começou a encontrar alternativas. Por exemplo, ficou a saber-se esta quinta-feira que o concurso de beleza “Miss Estados Unidos” vai mesmo ser transmitido a 12 de Julho, já não pela NBC que desistiu após comentários considerados “racistas”, mas pela televisão por cabo Reelz.

A NBC também suspendeu “O Aprendiz”, um concurso televisivo sobre candidatos a empresários em que Trump é a figura central (a cada episódio um candidato é eliminado com Trump a proclamar “Estás despedido!”). Também a Macy's deixou de vender a linha de vestuário Trump.

As ondas de choque chegaram também à Venezuela. O Presidente Nicolas Maduro não foi meigo nas palavras e exortou a que a América Latina, a comunidade dos Estados da América Latina e do Caribe levantem as suas vozes em apoio aos imigrantes mexicanos que foram “ameaçados” pelas declarações de Donald Trump.

“Eu levanto a minha voz em defesa do povo mexicano que foi ofendido por este fanático. Quem se mete com o México mete-se com a Venezuela”, avisou.

Já Cid Wilson, da Associação Hispânica de Responsabilidade Corporativa, dos Estados Unidos, diz que Donald Trump, "enquanto líder, deveria saber que as suas declarações são ofensivas para milhões de norte-americanos de origem mexicana ou para imigrantes e que foram insultuosas para todos os hispânicos e para todos os que sabem a verdade sobre a longa e positiva história da contribuição latina nos Estados Unidos".

“Traficantes, assassinos, violadores”
A 16 de Junho, durante a apresentação da sua candidatura à Casa Branca, Donald Trump referiu que um dos principais problemas do país era a imigração ilegal que entra pela fronteira mexicana e prometeu construir um muro.

"Eu gosto do México. Eu gosto do povo mexicano. Faço negócios com mexicanos. Mas há pessoas, vindas de todos os lados, a entrarem por lá. E são maus. São mesmo maus", disse. "Há gente a chegar, e não estou a dizer que são só mexicanos, que são traficantes, assassinos, violadores."

As reacções de protesto não pararam desde então – a começar pelo próprio Governo mexicano que fez um protesto oficial, logo seguida pelo empresário Carlos Slim (uma das pessoas mais ricas do mundo).

Estrelas como Shakira (“Esse discurso racista e cheio de ódio tenta segregar um país que, ao longo dos anos, defendeu a diversidade"), Ricky Martin (que cancelou participação num torneio de golfe solidário de Trump) ou Salma Hayek não perdoaram estas declarações “racistas e ignorantes”.

Na corrida presidencial, este pensamento de Donald Trump pode afastar a comunidade hispânica, mas pode, segundo o jornal “The Washington Post”, atrair a população branca que se reconhece no discurso anti-imigração e em outras das suas políticas de proteccionismo económico.

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