17 ago, 2015 - 12:13
O Brasil voltou a sair à rua para mostrar o descontentamento em relação à Presidente Dilma Rouseff. Dados da Polícia Militar, citados pela "Folha de São Paulo", indicam que pouco mais de 600 mil pessoas estiveram em protesto, mesmo sem contar com algumas das principais cidades como o Rio de Janeiro ou Recife.
Em reacção a estas manifestações, o governo da Presidente dizem que os mesmos fazem "parte da normalidade democrática".
Em causa está a operação "Lava Jacto" com suspeitas de corrupção que colocam Dilma Rousseff debaixo de fogo. Há suspeitas de que a campanha de Dilma possa ter recebido subornos da Petrobrás. A chefe de Estado não foi alvo de investigação, mas há relatos de testemunhas da "Lava Jato", que falam de operações ilegais envolvendo o Partido dos Trabalhadores que apoiou a candidatura presidencial.
Estas suspeitas podem levar a um processo de investigação das contas da Presidente. No caso de haver confirmação dos indícios pode levar a um processo de destituição.
Em 1992, Fernando Collor de Mello, o primeiro Presidente eleito depois da ditadura militar, protagonizou um processo inédito de destituição presidencial na América Latina. Em causa estava a transferência de dinheiros públicos para o universo de empresas de Paulo César Farias, tesoureiro de Collor.
A insatisfação popular passou para a rua e para isso houve duas entrevistas muito importantes. A de Pedro Collor, irmão do Presidente, que denunciava à revista "Veja" as práticas de corrupção. E a do motorista de Fernando Collor de Mello, que as confirmava.
Sistema "podre"
Na análise de Francisco Seixas da Costa, antigo embaixador de Portugal no Brasil, o caso de Dilma Rousseff é bem diferente do de Collor de Mello.
Em entrevista à Renascença, o antigo embaixador português defende que não há, até ao momento, razões para que a Presidente brasileira perca a legitimidade.
"O que se passa no Brasil é o ganho de consciência pública de que o sistema está podre. Não sabemos se o afastamento dela vai ser votado no Parlamento, mas a ideia é criar pressão sobre Dilma", diz Seixas da Costa.