25 ago, 2015 - 11:59
Quase 300 mil migrantes e refugiados chegaram este ano à Europa pelo mar Mediterrâneo, anunciou esta terça-feira a agência da ONU para os Refugiados (ACNUR).
Em conferência de imprensa, a porta-voz do ACNUR, Melissa Fleming, disse que 181 mil pessoas chegaram à Grécia e 108 mil a Itália.
A responsável acrescentou que a agência das Nações Unidas calcula que três mil pessoas vão chegar diariamente, nos próximos dias, à Sérvia, depois de entrarem em território europeu pela Grécia e atravessar a Macedónia.
"Pensamos que as chegadas vão continuar a um ritmo de três mil pessoas por dia", indicou.
O ACNUR está a trabalhar com as autoridades sérvias para responder às necessidades de pelo menos dez mil pessoas. Cerca de 30% dessas pessoas são mulheres e crianças. "Eles vêm em grandes grupos de 300 a 400 pessoas e tentam depois passar a fronteira em direcção à Sérvia ou de autocarro ou de comboio", ilustrou a porta-voz do ACNUR, Melissa Fleming.
Esta agência da ONU diz que chegou a altura de a Europa reequilibrar a distribuição pelos Estados-membros dos refugiados e migrantes. Se "tal for feito, esta é uma situação com a qual a Europa pode lidar com sucesso".
Fogem de guerras e perseguições
A maior parte das pessoas foge de guerras e perseguições, colocando-se à mercê das redes de tráfico numa tentativa de encontrar melhores condições de vida e segurança. Aceitam, por isso, fazer uma perigosa travessia em barcos e condições precárias.
Um terço dos homens, mulheres e crianças que alcançaram as costas da Grécia ou de Itália desde o início do ano é oriundo da Síria, palco de uma guerra civil desde 2011, segundo o Alto Comissariado para os Refugiados da ONU (ACNUR). As pessoas que fogem da violência contínua no Afeganistão e do repressivo regime da Eritreia representam 12% do total, segundo o relatório do ACNUR. Somália, Nigéria, Iraque e Sudão são outras das principais proveniências dos migrantes.
Em Junho, em resposta à crise, os chefes de Estado e de Governo dos 28 países da União Europeia aprovaram repartir entre si 60 mil refugiados nos próximos dois anos. No entanto, os 28 não aceitaram definir quotas, sendo o acolhimento feito com base de modo voluntário. Foi, assim, rejeitada a proposta da Comissão Juncker de quotas obrigatórias, com o número de pessoas a acolher definido à partida.
Mais de 2.000 pessoas morreram desde o início de 2015 ao tentarem atravessar o Mediterrâneo para chegar à Europa, segundo o último balanço da Organização Internacional das Migrações (OIM).
Veja "A Sul da Sorte", a reportagem da Renascença sobre o drama dos migrantes, vencedora do Prémio Gazeta Multimédia