12 set, 2015 - 13:28
A Síria está na iminência de se transformar num Estado falido, onde a sobrevivência é quase impossível. A avaliação é do director regional da UNICEF para o Médio Oriente, Peter Salama, que se diz surpreendido sobre aqueles que ainda questionam os civis que procuram refúgio no exterior.
De acordo com a organização, desde o início do conflito sírio, mais de 10 mil crianças cruzaram as fronteiras sem qualquer acompanhante.
"As crianças não acompanhadas são o grupo mais vulnerável de todos os refugiados. É preciso estabelecer um programa de reunificação familiar com urgência", acrescentou.
As crianças são vítimas de traficantes de seres humanos e estão expostas a altos níveis de violência e abusos durante os trajectos de refúgio.
Peter Salama sublinhou que actualmente 12 milhões de civis na Síria precisam de ajuda internacional para sobreviver, sendo que oito milhões são deslocados internos.
Constata-se que vários grupos armados recrutam crianças a partir dos oito anos de idade e "há dois milhões de crianças que não podem ir à escola e todos aquelas que conseguem, cerca de 20%, têm de cruzar uma linha de combate activa".
"Viver na Síria é viver no inferno", sublinhou o director regional da UNICEF para o Médio Oriente. Perante a realidade, acrescentou Peter Salama, muitos dos deslocados internos vão começar a procurar o refúgio que merecem noutros países.
Crianças pedem asilo
Segundo o Fundo das Nações Unidas para a Infância, nos primeiros seis meses do ano, 106 mil crianças pediram asilo à União Europeia, a maioria originária da Síria, Iraque e Afeganistão.
Os números revelados pela UNICEF indicam um incremento de 75% em relação ao registado em 2014.
"Todas estas crianças que já sofreram tudo o que é inimaginável têm o direito à protecção e à dignidade. Por isso, a União Europeia deve actuar o mais rapidamente possível", disse o director regional.
O mesmo responsável recordou que o número considerável de pessoas que chegou este ano à Europa (cerca de 400 mil refugiados) representa dez vezes menos do que actualmente os países vizinhos da Síria acolhem.
O director regional da UNICEF recordou também que a maioria daqueles que chegaram à Europa, nas últimas semanas, procedem directamente da Síria e não dos países vizinhos.