29 set, 2015 - 02:39 • Liliana Monteiro
A NASA revelou a descoberta de sais de hidratos, vestígios da passagem de água líquida em Marte. A Renascença falou com o astrónomo português Carlos Oliveira sobre a importância deste anúncio.
As evidências recolhidas levam os investigadores da NASA a dizer que acreditam que essa mesma água terá corrido nos desfiladeiros e crateras do “Planeta Vermelho” durante os meses de Verão. A descoberta foi anunciada em conferência imprensa e é mais um passo na probabilidade da existência de alguma forma de vida em Marte.
O astrónomo português Carlos Oliveira explica que a água não foi descoberta em grande quantidade, nem na forma como nós a conhecemos na terra em mares ou rios, mas em “sítios muito localizados”.
“Não estamos a falar de grandes partes do planeta. São quatro sítios que os investigadores analisaram. Estamos a falar de corrimento nas paredes das crateras, ou seja, pontos muito localizados, são fiozinhos de água. Não estamos a falar, por exemplo, do rio Douro ou rio Tejo”, refere o divulgador científico.
Para Carlos Oliveira, a questão agora é saber qual a origem dessa água marciana e, basicamente, só há duas possibilidades.
“Ela pode surgir de fontes subterrâneas ou pode ser o condensar da molécula de água de vem da própria atmosfera. O mais provável é que seja água no estado liquido. O próximo passo será saber se é agua e o outro ainda a seguir é saber de onde vem e como se forma.”
Esta descoberta significa que há vida no “Planeta Vermelho”? O astrónomo português diz que a existência de água aumentará as probabilidades de haver “marcianos”, não como nos filmes, mas sob a forma de micro-organismos.
“No percurso da ciência e das evidências, essa é uma questão que se coloca só mais à frente. Neste momento, não se consegue dar resposta. A única coisa que se pode dizer é que a vida como a conhecemos depende de água. Se por acaso estas evidências revelarem água líquida a correr em Marte, como sabemos que a vida depende de água, torna-se mais provável a existência de vida, mas de bactérias, micro-organismos, não estamos a falar de seres humanos.”
Carlos Oliveira, que desenvolve actividade nos Estados Unidos, diz que esta ainda não é “a grande descoberta” sobre Marte, mas prepara terreno para que isso seja anunciado mais tarde ou mais cedo.