30 set, 2015 - 14:09
A Rússia levou a cabo esta quarta-feira o seu primeiro ataque aéreo na Síria. O alvo foi uma zona perto da cidade de Homs, mas poderá haver mais alvos na mira dos aviões russos.
A aprovação para o uso da força na Síria foi dada esta quarta-feira pela câmara alta do parlamento russo ao Presidente Vladimir Putin, de acordo com os meios de comunicação social de Moscovo.
A votação ocorreu depois de um pedido do Presidente sírio, Bashar al-Assad, para ajuda militar no combate ao Estado Islâmico.
Vladimir Putin considera que a única maneira de combater os terroristas é agir de modo preventivo. Numa reunião com o seu executivo, o Presidente russo garantiu, por outro lado, que o envolvimento militar da Rússia no Médio Oriente será temporário e apenas por via aérea.
“Não vamos mergulhar neste conflito. A nossas acções
vão ter lugar dentro de limites muito restritos. Em primeiro lugar, vamos apoiar
o Exército apenas e especificamente na sua luta legítima contra os grupos
terroristas. Em segundo lugar, vamos prestar apoio aéreo sem a participação em
operações terrestes. Em terceiro, esse apoio vai ser limitado no tempo, até que
o Exército sírio esteja na ofensiva.”
Vladimir Putin afirmou ainda ser necessário, e possível, uma força internacional unida para combater os militantes do Estado Islâmico na Síria.
Se o autoproclamado Estado Islâmico ganhar na Síria, pode
alastrar as suas operações a outros países, como a Rússia, e Putin diz que não
vai ficar de braços cruzados à espera que isso aconteça.
Ataques "coordenados" com o regime de Assad
Os aviões russos atacaram alvos do autoproclamado Estado Islâmico (EI), avança a televisão estatal síria.
De acordo com a mesma fonte, os bombardeamentos foram realizados em coordenação com as forças governamentais do regime sírio.
“Ao abrigo do acordo entre a Síria e a Rússia para combater o terrorismo internacional, e eliminar o Daesh [Estado Islâmico], aviões de guerra russos, em cooperação com a força aérea [síria] realizaram vários ataques contra bastiões dos terroristas do Daesh”, avançou a televisão estatal, citando uma fonte militar.
Os primeiros bombardeamentos russos na Síria atacaram alvos nas províncias de Homs e Hama, segundo a mesma fonte.
Rússia e EUA pouco alinhados
Na terça-feira, à margem da Assembleia Geral das Nações Unidas, Vladimir Putin e Barack Obama reuniram-se para falar de terrorismo, mas as suas posições não parecem ser muito alinhadas.
Foram mais as divergências do que os consensos naquela que foi a primeira reunião formal entre os dois chefes de Estado em mais de dois anos. Obama insiste na renúncia do Presidente Bashar al-Assad, enquanto Putin defende o apoio da comunidade internacional ao “governo legítimo” da Síria.
Moscovo avisou Washington sobre o ataque desta quarta-feira e pediu para que os aviões da coligação liderada pelos Estados Unidos não sobrevoassem a Síria. Não deu, contudo, qualquer indicação sobre onde pretendia atacar.
Apesar do aviso, os aviões da coligação mantiveram-se a operar com normalidade.
[notícia actualizada às 17h22]